O ministro da Economia vai encontrar-se na próxima semana com os donos da Altice, o grupo francês que comprou a PT Portugal à brasileira Oi. O PÚBLICO apurou que António Pires de Lima vai aproveitar a visita à feira do vestuário Première Vision, que se realiza na capital francesa na próxima semana, para se reunir com alguns investidores, entre eles Patrick Drahi, o líder da Altice.

Também se prevê que estejam no encontro o presidente executivo da Altice, Dexter Goei, e Armando Pereira, o sócio português de Drahi que já participou em reuniões com os sindicatos e a comissão de trabalhadores da PT antes de a venda da PT Portugal ter sido aprovada na assembleia geral da PT SGPS, a 22 de Janeiro. António Pires de Lima irá visitar a SFR-Numericable, a nova empresa que surgiu da fusão entre a operadora móvel comprada no ano passado à Vivendi e o operador de cabo da Altice.

A reunião, que, segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, terá lugar no dia 11 de Fevereiro, servirá para que o governante se inteire dos planos do grupo francês para a PT Portugal. Na agenda estará também o investimento anunciado pela Altice em call centers.

A empresa francesa já se comprometeu publicamente com a criação de pelo menos quatro mil postos de trabalho na área dos centros de atendimento telefónico em Portugal. Recentemente, o presidente da Câmara de Vieira do Minho (região de onde é natural Armando Pereira) anunciou que o grupo vai instalar no município um centro de atendimento que, numa primeira fase, empregará entre 120 a 150 pessoas.

O encontro pedido pela Altice realizar-se-á no mesmo dia em que Pires de Lima visitará a Première Vision, feira onde estarão representadas cerca de 60 empresas portuguesas de vestuário e calçado.

Na semana passada, o ministro da Economia recebeu a comissão de trabalhadores da PT Portugal, que expressou preocupação com o projecto da Altice para a empresa e a segurança dos postos de trabalho. Mas Pires de Lima já assegurou que não vai interferir na relação entre a nova dona da PT e os trabalhadores.

A Altice avaliou a PT Portugal em 7400 milhões de euros, mas só vai pagar no imediato à Oi 5600 milhões. Além de 500 milhões que estão condicionados a metas futuras de receitas da PT Portugal, há outros 1300 milhões classificados como “ajustamentos de preço de compra” que dizem respeito aos encargos da PT com reformas e suspensões de contratos.

A PT tem cerca de 11 mil trabalhadores no activo, outros seis mil em situação de pré-reforma e de suspensão de contratos e dá emprego a cerca de 16 mil pessoas em regime de outsourcing. É sobre estes, e sobre os contratos com fornecedores, que se antecipam as medidas imediatas de redução de custos que a Altice pretende implementar para melhorar a margem de EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da PT para próximo dos 50% (é actualmente de 38,9%).

A empresa já admitiu que quer fechar a venda da PT até Junho e para isso estará disposta a encontrar soluções para quaisquer entraves que os reguladores da concorrência possam encontrar ao negócio, mesmo que isso passe pela venda da Oni ou da Cabovisão.