Israel declara cessar-fogo temporário na maior parte da Faixa de Gaza

Suspensão dos combates vai vigorar até meio da tarde e não se aplica ao sector de Rafah, palco dos principais combates nos últimos dias.

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Três mil casas foram destruídas ou danificadas pelos bombardeamentos em Gaza Finbarr O'Reilly/Reuters

Duramente criticado pelo ataque que no domingo matou dez palestinianos refugiados numa escola gerida pelas Nações Unidas, Israel anunciou para esta segunda-feira um cessar-fogo de sete horas na sua ofensiva na Faixa de Gaza. A suspensão não se aplicará apenas à região de Rafah, no sul do território.

O cessar-fogo deverá vigorar entre as 10h e as 17h (8h e 15h em Portugal continental), mas o Exército israelita afirma que os seus soldados “vão responder a quaisquer disparos” que venham eventualmente a ser feitos. As operações terrestres vão também continuar na zona leste de Rafah, alvo de uma duríssima resposta de Israel a uma emboscada que na sexta-feira terminou com a morte de três soldados.

Só no domingo, 71 palestinianos foram mortos naquele sector pelos bombardeamentos da aviação e da artilharia israelita, a que se juntaram sete outros mortos no norte da Faixa de Gaza já durante o final do dia. Já esta manhã, outras dez pessoas perderam a vida em novos raides, incluindo um comandante da Jihad Islâmica, grupo palestiniano que combate ao lado do Hamas. O balanço de quase um mês de ofensiva supera já os 1800 mortos naquele território, a que se juntam 64 soldados e três civis do lado israelita.

Pouco depois da entrada em vigor da trégua, os serviços de socorro palestinianos acusaram Israel de ter bombardeado uma casa na zona ocidental da cidade de Gaza, provocando a morte a uma menina de oito anos e ferimentos em outras 30 pessoas. Um jornalista da AFP no local falou com várias testemunhas que dizem que o ataque foi lançado por um caça israelita que sobrevoava a zona.  

O Hamas desvalorizou de imediato o anúncio israelita. “A calma anunciada por Israel é unilateral e visa apenas desviar atenções dos massacres israelitas”, afirmou Sami Abu Zuhri, porta-voz do grupo islamista que controla a Faixa de Gaza desde 2006. Uma referência ao coro de repúdio que se seguiu ao ataque de domingo, o terceiro já contra as escolas da ONU que servem de refúgio aos palestinianos que fugiram aos combates. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, falou num “acto criminoso” e numa “nova violação flagrante do direito humanitário, e mesmo os Estados Unidos condenaram “o vergonhoso bombardeamento” da escola da ONU, ainda que não tenham imputado directamente a responsabilidade ao aliado.

As Nações Unidas avisam que o território — um dos mais densamente povoados do mundo — enfrenta “uma catástrofe humanitária de grande dimensão”. Um quarto dos 1,8 milhões de palestinianos que ali vivem foram forçados a sair de casa pelos combates e muitos não terão aonde regressar quando a calma voltar, uma vez que três mil casas foram destruídas ou seriamente danificadas pelos bombardeamentos.

O Exército israelita confirmou entretanto ter retirado parte das forças que enviou para Gaza, mas assegura que a ofensiva não terminou ainda. “Estamos a retirar alguns e a mudar as posições de outros, a missão está em curso”, garantiu à AFP um porta-voz militar. Certo é que a ofensiva parece entrar numa nova fase, com o Governo israelita a afirmar que a destruição dos túneis construídos pelo Hamas deverá estar concluída “nas próximas 24 horas”.

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