Militar israelita desaparecido foi afinal morto em combate

Depois de especular que Hadar Goldin, 23 anos, fora raptado na sexta-feira pelo Hamas, Jerusalém confirma a morte dele no Sul de Gaza.

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Hadar Goldin terá morrido sexta-feira, numa operação militar no Sul de Gaza Reuters

Afinal, o militar israelita de 23 anos que Israel dizia ter sido raptado pelo Hamas está morto. Foi abatido em combate, segundo admitiu o próprio exército de Israel. Jerusalém promete continuar a batalha na Faixa de Gaza, mesmo depois de destruir a rede de túneis que os islamistas estariam a usar para infiltrar homens. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu diz que o Hamas vai “pagar um preço intolerável” se continuar a atacar Israel.

Numa mensagem divulgada pelo exército, Israel reconhece que Hadar Goldin, desaparecido desde sexta-feira, foi afinal abatido numa operação militar realizada no Sul de Gaza, dando razão ao porta-voz do Hamas que, no sábado, e após uma noite manchada por um banho de sangue, disse que o militar não teria sido raptado e até poderia ter sido morto em combate.

Horas antes, Barack Obama qualificou as acções do Hamas como “incrivelmente irresponsáveis” e reafirmou que Israel tem direito a defender-se. Disse também que, se o Hamas está seriamente empenhado na solução da situação em Gaza, deve libertar o militar supostamente detido.

Na mesma operação que vitimou Hadar Goldin morreram outros dois soldados israelitas. Os bombardeamentos e combates continuaram no sábado e, segundo números avançados durante a última madrugada pela agência Reuters, há 1675 mortes confirmadas do lado palestiniano. Do lado das forças israelitas, que começaram a 8 de Julho uma operação militar sobre Gaza, há 64 vítimas mortais. Os rockets disparados pelo Hamas, e que estão na base da operação ordenada por Jerusalém, também mataram três civis israelitas, um número muito inferior ao das baixas civis em Gaza.

“Os nossos objectivos, o mais importante dos quais é a destruição dos túneis, estão perto de ser cumpridos”, disse o porta-voz do Exército, Peter Lerner, citado pela Reuters. Mais de 30 túneis e dezenas de acessos foram encontrados e destruídos, diz a agência.

No sábado, numa mensagem transmitida pela TV, Netanyahu disse que depois de destruir os túneis, o exército de Israel “actuará e continuará a actuar segundo as necessidades de defesa, até garantirmos o objectivo de restaurar a segurança dos nossos cidadãos”.

Do lado do Hamas, não faltou a resposta. “Netanyahu pagará por cada minuto que ele investe na agressão do nosso povo”, disse um porta-voz não identificado da organização, também citado pela Reuters.

Diversas tentativas de estabelecer um cessar-fogo falharam, bem como a iniciativa de sentar os dois lados à mesa, no Cairo, onde deveriam realizar-se conversações de paz. Porém, Israel não enviou representantes ao Egipto, alegando que “não se pode confiar” no Hamas. “Eles não podem parar de disparar sobre Israel porque isso seria o reconhecimento da pior derrota possível”, alegou Tzachi Hanegbi, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, numa declaração a um canal de TV de Israel. Antes disso, o mesmo responsável tinha declarado que esta é a altura para parar as manobras terrestres. O Hamas pode ser atingido quando necessário, em resposta aos disparos que, creio, vão continuar.” A fase terrestre da operação israelita começou a 17 de Julho.

Neste sábado, só em Rafah, desde a meia-noite local, os bombardeamentos israelitas causaram a morte de 57 pessoas, disse à AFP Ashraf al-Qodra, porta-voz dos serviços médicos locais. Nesta zona, no Sul da Faixa de Gaza, morreram 114 pessoas desde a data em que devia ter começado o último cessar-fogo, na manhã de sexta-feira. Quinze das vítimas pertenciam à mesma família, cinco delas crianças com idades entre 3 e 12 anos.

Peter Lerner confirmou que nas 24 horas que se seguiram ao fim da trégua que mal começou foram atacados 200 alvos que descreveu como sendo túneis, fábricas de armamento, armazéns e centros de comando.

Desde 8 de Julho, quando Israel iniciou os bombardeamentos, foram mortos 1654 palestinianos, maioritariamente civis, disse o porta-voz. A Reuters refere 1669. Entre eles, a Unicef – organização das Nações Unidas para a infância – contabiliza pelo menos 296 crianças. Tzachi Hanegbi afirmou que 47% dos mortos eram combatentes do Hamas.

Do lado israelita contam-se 66 mortos, 63 soldados e três civis. Os feridos rondam os sete mil palestinianos e ultrapassam os 400 entre os israelitas. O sistema de defesa antimíssil israelita interceptou na manhã deste sábado dois rockets disparados contra Telavive e outro lançado para Beersheva, informou o Exército.

Os EUA voltaram a confirmar que são um fiel aliado de Israel. Na noite de sexta-feira, a Câmara de Representantes aprovou uma ajuda de 225 milhões de dólares (cerca de 167,5 milhões de euros) para manutenção do sistema de protecção antimíssil. O Senado já tinha dado o seu aval. Falta apenas a assinatura do Presidente norte-americano para  validar o auxílio.

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