O segundo leilão de energia da Deco terminou nesta sexta-feira e contou com mais de 155 mil inscritos. O leilão vai decorrer na próxima segunda-feira, mas o vencedor só será anunciado na terça-feira, de manhã.

O leilão da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor acontece um dia antes do aumento de 2,4% nos preços do gás natural, e pode ser, defendem os promotores da iniciativa, “uma oportunidade para contornar o aumento”. A subida nas tarifas, decidida pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, afecta mais de 1,3 milhões de consumidores, diz a Deco, em comunicado.

A Deco adianta, que “no caso de um perfil de consumo comum, o tarifário combinado permite às famílias pouparem entre 50 a 70 euros anuais, aproximadamente, face à oferta regulada (EDP Serviço Universal + Lisboagás). A poupança pode superar os 100 euros por ano caso as famílias tenham um consumo eléctrico que exija potências mais elevadas (acima dos 10,35 kVA)”.

O primeiro leilão de energia, lançado no ano passado, foi ganho pela Endesa, mas apenas 7% dos quase 600 mil inscritos formalizaram a mudança de comercializador. O leilão permitiu à Endesa celebrar 40 mil novos contratos e, de acordo com a Deco, teve efeitos nos preços, com a EDP Comercial, a Galp e a Iberdrola a avançarem com ofertas mais baixas. A Deco não exclui que este ano, após o encerramento do leilão, se possa repetir algum tipo de oferta competitiva.

Em termos globais, entre Agosto e Dezembro de 2013, assinaram contratos no mercado liberalizado 620 mil consumidores que conseguiram uma poupança global de 8,4 milhões de euros, diz a Deco. A entrada de novos operadores no mercado, no início de 2014, “não foi suficiente para fazer mexer um mercado ainda muito concentrado”, diz a associação, justificando o lançamento de um novo leilão.

Ao contrário do modelo do ano passado, desta vez o leilão inclui tarifários para a electricidade e para a modalidade dual (electricidade e gás natural). E quem beneficiou do primeiro leilão da Deco pode também participar no novo leilão, sem qualquer prejuízo, esclareceu a associação

A Deco garante que não há cláusulas abusivas nos contratos do comercializador que vencer o leilão e o cliente pode desistir do contrato a qualquer momento. Ou seja, não há período de fidelização, o que está a acontecer já na maioria das ofertas do mercado liberalizado. As tarifas contratadas no âmbito do leilão são garantidas por 12 meses.

A associação não revela as entidades que vão participar no leilão, nem mesmo o número de entidades inscritas, referindo apenas que, desta vez, são todas nacionais. A espanhola Endesa, que venceu o leilão no ano passado, ficou de fora do actual leilão. Entre as operadoras nacionais, apenas a Goldenergy confirmou a sua participação. Haverá pelo menos mais uma entidade, uma vez que a Deco já avançou que o leilão só se realizaria com um mínimo de dois fornecedores.

Os consumidores receberão as estimativas de poupança a partir de 15 de Julho. Depois, têm até 30 de Setembro para decidir se pretendem mudar para o operador vencedor.

No final do ano passado, existiam em Portugal oito fornecedores de electricidade no mercado liberalizado, que no conjunto disponibilizavam 61 ofertas comerciais de electricidade e 27 ofertas de gás natural.