Ex-funcionários do Barclays acusados de manipulação da taxa Libor

Conspiração para fraude é a base da acusação dos agentes bancários produzida pela autoridade financeira britânica.

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O Barclays foi o primeiro a ser apanhado na teia da Libor Ben STANSALL/AFP

Três antigos funcionários do banco britânico Barclays foram esta segunda-feira acusado de manipulação da taxa Libor, que serve de indexante para o cálculo de juros na miríade de produtos que todos os dias são transaccionados nos mercados financeiros.

Depois das multas aos bancos – um processo que ainda está longe de ser encerrado – as autoridades que supervisionam a City londrina decidiram acusar de conspiração para fraude três antigos funcionários do Banco Barclays. Sobe assim para uma dúzia o número de traders que foram apanhados na teia de manipulação da taxa Libor, um referencial idêntico à Euribor, que é especialmente utilizado nos mercados anglo-saxónicos e asiáticos.

O Barclays foi, precisamente, o primeiro a ser objecto de multa pelos reguladores britânico e norte-americano, num processo que conduziu, aliás, à demissão do seu presidente, à época o norte-americano Bob Diamond. Pagou cerca de 360 milhões de euros. Mas, somadas as penalizações aplicadas a muitas outras instituições financeiras, o montante sobe para cerca de 6000 milhões de euros, segundo as contas feitas pela agência Reuters.

A taxa Libor é fixada todos os dias a partir dos dados que um conjunto de bancos transmite à agência Reuters sobre a taxa a que pensam que os seus concorrentes lhes irão ceder liquidez no mercado interbancário. No caso da Euribor, o mecanismo é diferente: cada banco comunica que taxa pedirá para emprestar dinheiro. Qualquer um dos mecanismos é alvo de críticas, por funcionar na base de intenções e não como uma ilustração rigorosa da evolução dos mercados.

Ora, a investigação produzida mostrou que muitos bancos transmitiram para o mercado, ao longo de mais de uma década, informações que não eram a manifestação expressa da realidade, visando antes favorecer as suas posições de negócio no mercado ou esconder uma posição de fragilidade como aconteceu no auge da crise financeira.

As autoridades interceptaram conversas entre traders de um banco ou de vários em que expressamente se pedia a comunicação de uma determinada taxa a troco, por exemplo, de uma garrafa de espumante francês ou da promessa de pagamento com favor idêntico.

Os três acusados do Barclays, que estão agora ao serviço de outras instituições, foram formalmente acusados e deverão, a breve prazo, ser ouvidos num tribunal londrino. Outros colegas de negócio foram entretanto apanhados na malha da investigação. Têm ligações ao Citigroup, ao Merril Lynch ou à UBS, entre outros.

Nos Estados Unidos, a questão da manipulação da Libor foi assumida como prioridade pelas autoridades, com a autoridade responsável, Serious Fraud Office, a duplicar o número de funcionários dedicados aos processos.

 

 

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