80% dos correios da Europa estão nas mãos do Estado

Apenas cinco países da Europa a 28 privatizaram os serviços postais e quase todos apostaram na dispersão em bolsa, como acontecerá em Portugal com os CTT.

Promessas tem havido muitas, mas as privatizações de empresas públicas de correios contam-se pelos dedos de uma mão. Até agora, apenas cinco países europeus avançaram com a venda dos serviços postais, quase todos através da dispersão em bolsa. No entanto, três deles mantiveram uma participação maioritária do Estado. A concretizar-se a alienação nos moldes aprovados pelo Governo, os CTT vão passar a ser a empresa europeia deste sector com mais capital nas mãos de privados.

Uma análise elaborada pelo PÚBLICO mostra que, na Europa a 28, a grande maioria dos correios mantém-se na esfera do Estado, apesar de diferentes países terem já anunciado a intenção de privatizar o sector. De um total de 25 empresas, já que não foi possível aceder a informação sobre a Holanda e a Croácia, apenas cinco abriram a porta ao capital privado. Os casos mais recentes são os da belga Bpost e da britânica Royal Mail.

A decisão do Governo, aprovada em Conselho de Ministros a 10 de Outubro, foi recebida com surpresa, até porque havia já um rol de interessados na venda directa dos CTT e este tipo de modelo tinha sido seguido pelo Governo em todas as anteriores privatizações. O panorama europeu foi um dos argumentos usados pelos bancos que assessoraram a venda dos correios, o CaixaBI e o JP Morgan, para convencer o executivo.

Analisando a Europa a 28, conclui-se que praticamente todos os países que privatizaram os correios recorreram a ofertas públicas iniciais (OPI) de venda em bolsa. Dos cinco Estados-membros que reduziram a participação pública no sector, quatro seguiram esta via: Alemanha, Áustria e, mais recentemente, Bélgica e Reino Unido. Há ainda outro caso, o da Roménia, em que a venda de 25% do capital foi directa, sendo hoje detida por um fundo de investimento.

A oposição e os trabalhadores têm contestado duramente a privatização dos CTT. Hoje realiza-se uma greve em protesto contra o negócio.

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