Onda pára a esquerda?

Dia a dia, o PS vê o seu mundo cair. A revolução de Cuba e de Fidel de Castro é hoje a farsa da revolução “bolivariana” de um demente chamado Chávez e do analfabeto e criminoso Nicolás Maduro, que levou a Venezuela à miséria e ao caos. Mitterrand era infelizmente o que era, mas conseguiu apesar de tudo conservar uma certa dignidade. Hollande nem isso; e o novo primeiro-ministro Manuel Valls, que se prepara para aplicar em França uma austeridade como a nossa, sob o velho nome de “rigor”, não gosta de ouvir falar de “socialismo”. Em Itália, Matteo Renzi tenta inventar uma nova esquerda que não seja verdadeiramente esquerda e, principalmente, que não lembre o passado. Também ele não gosta de “socialismo” ou de qualquer outra coisa que o possa lembrar.

Em Portugal, Seguro parece uma casca vazia e perde o seu tempo em pequenas querelas com o Governo, que não valem nada e que são justamente ignoradas pelo país. A “inteligência” repete a reles retórica do partido ou dos partidos, sempre a falar de unidade e diálogo, que ela do fundo do coração detesta, e não tenta (talvez porque não pode) perceber o que se está a passar no mundo. Na véspera de eleições para o “parlamento” europeu, seria de esperar que fizesse um esforço. Mas não faz. Não a impressiona o espectáculo de carência (ou falência) da ordem tradicional e atribui as misérias de hoje a entidades tão etéreas como a “colonização” do socialismo pelos “neocapitalistas”. Mesmo admitindo esse fenómeno estranho convinha explicar o que o provocou e permitiu, para além do acaso e das “traições” de Blair e malfeitores do género.

Valls e Matteo Renzi já se preparam para a inevitável peregrinação a Meca, conhecida agora pelo pseudónimo de sra. Merkel, para implorar uma “folga” na redução do défice e mais tempo para pagar a dívida. E os dois prometeram, como o nosso Passos Coelho, diminuir o peso do Estado na economia e reduzir drasticamente o funcionalismo, em nome, segundo consta, da economia. Aqui ainda não entrou na cabeça de Seguro e, em geral, da esquerda, qual é a razão essencial destas semelhanças, que um estudante médio perceberia. A saber: o Estado providência como existe deixou de ser financeiramente viável. Isto custa a engolir. Mas se não se partir deste facto simples nunca se chegará a parte nenhuma. A fantasia não paga.

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