Valor das reservas de ouro do Banco de Portugal caiu 31% em 2013

Banco central manteve a mesma quantidade de barras, mas a cotação recuou muito nos mercados internacionais.

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Reservas valem agora 10,7 mil milhões de euros Petr Josek / Reuters

O Banco de Portugal manteve, no ano passado, as mesmas 382,5 toneladas de ouro que tem nos cofres desde 2012, mas o valor deste activo caiu cerca de 31% face ao ano anterior, devido à deterioração da cotação do metal precioso nos mercados internacionais e do valor do dólar face ao euro.

De acordo com o relatório de actividade e contas do Banco de Portugal (BdP), o valor das reservas no final do ano passado ascendia a 10.714 milhões de euros, o que representa uma queda de 4795 milhões de euros face ao encerramento de 2012 - o equivalente a 30,9%.

Foi precisamente em 2012 que se atingiu o valor máximo da cotação do ouro. Com os Estados Unidos a evidenciarem dificuldade em consolidar a retoma económica e a zona euro no auge da crise dos países periféricos, os grandes investidores procuraram no metal precioso um refúgio para as suas aplicações.

Esta forte injecção de liquidez no mercado do ouro fez com que a cotação disparasse para níveis próximos dos 1900 dólares por onça, valor que entretanto caiu para pouco mais de 900 dólares. Em 2012, as reservas do Banco de Portugal atingiram a sua valorização máxima, perto dos 15.500 milhões de euros, depois de terem fechado 2011 com uma avaliação fixada pouco abaixo dos 15.000 milhões de euros.

Com os sinais de recuperação a surgirem nas zonas de crise, os investidores iniciaram um movimento contrário e isso acabou por ditar uma inversão na tendência das cotações, ditando fortes desvalorizações para quem detém activos nesta área. No caso do Banco de Portugal, o valor das reservas continua, no entanto, a ser superior ao que tinha sido apurado no final de 2009, quando estava no auge a crise do chamado subprime. Nessa altura, estavam contabilizadas nos 9425 milhões de dólares.

"O acentuado descréscimo do valor desta reserva [de ouro] face a Dezembro de 2012 (-4795 milhões de euros) deve-se unicamente à evolução negativa da sua cotação e é compensado por uma variação, de igual montante, na rubrica 'Diferenças de Reavaliação'", sustenta o Banco de Portugal no relatório de actividade e contas que divulgou esta terça-feira.

Dividendos recuam
No relatório do conselho de administração é também referido que o contributo do banco central para os cofres do Estado a título de dividendos foi, em 2013, substancialmente mais baixo do que no ano anterior fruto da redução do resultado líquido apurado.

O lucro do Banco de Portugal foi, no ano passado, de 253 milhões de euros, muito abaixo do valor que tinha atingido em 2012 - 449 milhões de euros, um dos melhores resultados de sempre para a instituição liderada por Carlos Costa. Neste quadro, a instituição entregou ao Estado 202 milhões de euros, 157 milhões de euros abaixo do nível de dividendos referentes a 2012.

O relatório assinala que a redução dos lucros decorre da "redução da margem de juros e dos resultados realizados em operações financeiras, o aumento dos prejuízos não realizados em operações financeiras e o decréscimo do resultado líquido da repartição do rendimento monetário". O banco assinala, no entanto, que as rubricas que contribuíram para o recuo dos lucros foram parcialmente compensadas pela "redução no reforço da provisão para riscos gerais".

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