Troika confirma fim em Janeiro do programa de resgate à banca espanhola

Bruxelas, BCE e FMI advertem que empresas continuam a ter dificuldades em financiar-se e que ambiente económico vai condicionar rentabilidade do sector.

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Banco de Espanha não travou queda do Banco de Madrid Pedro ARMESTR/AFP

A troika confirmou nesta segunda-feira que o programa de resgate do sector financeiro espanhol terminará formalmente em Janeiro, mas garante que continuará a monitorizar quer o sector bancário, quer a economia espanhola.

Os técnicos da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) estiveram em Espanha entre 2 a 13 de Dezembro para a “quinta e última revisão do programa de assistência ao sector financeiro espanhol” e, apesar de confirmarem o fim do plano, avisam que o sector tem de continuar sob monitorização permanente.

Embora reconheçam melhorias ao nível da liquidez e estrutura de financiamento da banca (à medida que crescem os depósitos e as instituições recuperam a capacidade de financiar-se no mercado), e de considerarem que os rácios de solvência se “mantêm confortáveis” (graças à transferência dos activos tóxicos para o SAREB, o bad bank criado para gerir estes activos), a Comissão e o BCE sublinharam, num comunicado conjunto, que “o contexto económico continua a pesar sobre o sector bancário” espanhol.

“O financiamento à economia, e em particular às empresas, continua a cair substancialmente, ainda que o fim dessa pressão pareça estar à vista”. As autoridades europeias advertem, por isso, que “a rentabilidade da banca espanhola nos próximos anos poderá ser condicionada" por menores ganhos decorrentes da intermediação financeira e pela deterioração da qualidade dos activos. Esta deterioração explica-se em parte pela queda continuada dos preços das casas, já que a correcção do mercado imobiliário abrandou, mas ainda não terminou.

Assim, “é vital” que se mantenha uma avaliação apertada da capacidade de resiliência aos choques e solvência das instituições financeiras espanholas, dizem a Comissão e o BCE, notando que essa avaliação também é importante no contexto da criação do futuro mecanismo único de supervisão bancária.

As duas entidades referem ainda que houve evoluções macro-económicas “encorajadoras” em Espanha, mas alertam que a situação económica do país mantém-se sujeita a riscos enquanto os desequilíbrios não estiverem resolvidos. É indispensável o cumprimento escrupuloso das metas orçamentais, mas também a conclusão das reformas da administração pública, das leis laborais e do enquadramento fiscal, bem como a eliminação do défice tarifário.

Também o FMI, numa outra nota, destaca que o programa de ajuda à banca espanhola (de mais de 41 mil milhões de euros) conseguiu amenizar várias fragilidades do sector, mas sublinha que a actividade bancária deve continuar debaixo do radar das autoridades supervisoras.

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