Preço-alvo apontado para as empresas cotadas apenas foi atingido em 40% dos casos

Recomendações de compra continuaram a dominar análise financeira em 2013.

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Empresas reduziram endividamento de curto prazo, conclui CMVM Daniel Rocha

Da análise de 655 relatórios de análise financeira, publicados ao longo de um ano (terminado a 30 de Outubro de 2013), a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) concluiu que há “um optimismo em grande medida excessivo” no que se refere ao preço-alvo.

De acordo com os dados da entidade supervisora, cerca de metade dos preços-alvo emitidos sobre acções exclusivamente cotadas na Euronext Lisbon apontavam para valorizações potenciais superiores a 9% e em mais de um em cada cinco casos superiores a 19%, enquanto menos de 30% dos preços-alvo traduziam um potencial de desvalorização.

“Este optimismo revelou-se em grande medida excessivo, na medida em que no final do horizonte temporal a que respeitavam as projecções, apenas em dois em cada cinco casos o preço-alvo foi atingido ou superado”, revela o relatório.

Mantendo a tendência de outros anos, as recomendações de compra corresponderam a 43,4% do total e as de venda representaram apenas 21,1%. As restantes são recomendações para manter.

Também à semelhança do verificado em anos anteriores, a CMVM analisou a consistência e a coerência dos pressupostos adoptados pelos analistas financeiros e concluiu que existiu, “uma vez mais, uma elevada amplitude dos pressupostos usados na avaliação de algumas empresas, o que evidencia grande discordância entre os analistas e denota que a análise financeira é uma actividade não isenta de subjectividade”. Por esta razão, a CMVM reafirma que as recomendações “não devem ser tomadas pelos investidores de forma acrítica”.

Da análise ao cumprimento das recomendações da CMVM relativas à actividade de análise financeira, conclui-se que apenas três intermediários financeiros (de um total de quatro) respeitam na íntegra três das cinco recomendações e um adopta na íntegra apenas uma das recomendações, o que se afigura manifestamente insuficiente.

Todavia, refere a CMVM, todos os analistas cumpriram a recomendação de inserção alertas dirigidos aos investidores não profissionais para o risco inerente à recomendação efectuada e para o facto de a mesma ser susceptível de alteração face à evolução do meio envolvente da empresa analisada ou à modificação das previsões, pressupostos e métodos utilizados.

O menor grau de cumprimento registou-se na recomendação que aconselha a divulgação de informação relativa à presença do analista financeiro em reuniões de preparação da participação do intermediário financeiro, na colocação ou assistência em ofertas públicas de valores mobiliários emitidos pelo emitente objecto da recomendação.

No que respeita às recomendações dirigidas a jornalistas, três das cinco recomendações avaliadas registaram um rácio de cumprimento superior a 75%, um cenário menos positivo do que o verificado no ano anterior.

O supervisor destaca que “será especialmente desejável que os órgãos de comunicação social noticiem o limite inferior e superior do intervalo de preços-alvo e o respectivo horizonte temporal e não se limitem à indicação do preço-alvo máximo ou da própria recomendação de investimento (o grau de adopção desta recomendação foi de 14,2%)”.

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