Portugal e Brasil querem criar observatório de comércio e investimento

Governo brasileiro vai autorizar importação de uvas e citrinos portugueses.

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Paulo Portas com Michel Temer, então vice-presidente do Brasil Nuno Ferreira Santos

Portugal e o Brasil, que têm um peso diminuto nas exportações um do outro, traçaram planos para criar um observatório de comércio e investimento, com o objectivo de fomentar as relações comerciais.

“Estamos a trabalhar, os dois governos, na criação de um observatório de comércio e investimento, de uma forma flexível, não burocrática, que permita avaliar oportunidades, resolver problemas e acompanhar as empresas que fazem investimentos de um lado e de outro, para que os Estados, as administrações e as burocracias não se transformem em adversários do crescimento”, disse o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, numa cerimónia de assinatura de protocolos entre os dois países, na qual esteve o vice-presidente brasileiro, Michel Temer.

Portas já tinha anunciado, no final do mês passado, um observatório semelhante para Marrocos.

“Os números das exportações de bens cresceram. As exportações de serviços, nomeadamente de viagens e transportes, têm para o Brasil e para Portugal um significado ímpar”, acrescentou ainda Paulo Portas, notando que os turistas brasileiros ficam “cada vez mais dias em Portugal”, embora a evolução das receitas seja, neste campo, “moderada”.

Os dois países não são parceiros comerciais de relevo. No ano passado, as exportações de bens portugueses para o Brasil caíram pela primeira vez desde 2008, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística. As vendas de Portugal para o mercado brasileiro rondaram 639 milhões de euros, menos 100 milhões do que em 2013 – uma descida que é um movimento contrário ao das exportações totais de bens, que subiram ligeiramente. Em 2014, o Brasil representou 1,3% das exportações portuguesas, ligeiramente abaixo dos 1,6% registados no ano anterior. Espanha, o principal mercado para venda de bens portugueses ao estrangeiro, representou 24% do total.

Já Michel Temer, por seu lado, anunciou que o Governo brasileiro agilizará uma autorização para a importação de uvas de mesa e citrinos portugueses “Havia uma questão fito-sanitária referente às uvas e cítricos importados de Portugal”, observou Temer, explicando que dentro de 30 dias haverá “uma decisão definitiva e favorável” para a entrada no mercado brasileiro daqueles produtos portugueses, que se juntarão assim a produtos alimentares como o azeite e o bacalhau, que já são vendidos por Portugal ao Brasil.

O Ministério da Economia, por seu lado, estabeleceu com o Governo brasileiro um protocolo de cooperação portuária, ao passo que a Agência de Promoção de Exportações do Brasil assinou um memorando de entendimento com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Os governantes anunciaram ainda a realização de uma cimeira luso-brasileira em Junho. 

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