PS diz que falta “uma ideia de país” no debate sobre infra-estruturas

Socialistas estiveram reunidos nesta sexta-feira com o ministro da Economia e consideram que os projectos já deveriam ter saído do papel.

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Todos os meses, mais 400 mil passageiros devem ser transportados pelo novo troço Oriente/ Aeroporto Carla Rosado/Arquivo

Chegaram a um consenso sobre a necessidade de debater as infra-estruturas prioritárias e até conseguiram acordar uma data para o fazer, mas o Governo e o PS continuam muito distantes na visão sobre os projectos fundamentais para país.

Nesta sexta-feira, à saída da reunião com o ministro da Economia, o secretário nacional do Partido Socialista (PS), Eurico Brilhante Dias, afirmou à Lusa que o tema “é muito importante para o país”. No entanto, considerou que falta encontrar “uma ideia de país”, porque não basta elencar “um conjunto de projectos”, sem demonstrar “como é que estas infra-estruturas vão servir Portugal”.

O PS lamentou ainda que os projectos em causa ainda não tenham saído do papel. "Estamos a discutir em Março de 2014 quando deveríamos estar a implementar e continuamos à procura de uma ideia de país", afirmou Eurico Brilhante Dias. Sem adiantar a posição do partido sobre o estudo, o secretário nacional do partido disse apenas que os socialistas "nunca negam nenhum debate" e irão estar no Parlamento para debater com o grupo de trabalho e com o ministro da Economia.

Recorde-se que o debate em redor das infra-estruturas prioritárias ficou marcado por acusações de parte a parte, com o Governo a lamentar o facto de o PS não querer reunir-se para discutir o tema e com os socialistas a exigirem mais estudos para se sentarem à mesa. Quando, finalmente, o maior partido da oposição aceitou o convite endereçado pelo ministro da Economia, a polémica voltou-se para a data do encontro.

Pires de Lima rejeita "divergências profundas"
António Pires de Lima afirmou à Lusa, no final da reunião, que não encontrou “divergências profundas” com os partidos nas infra-estruturas que dizem respeito ao sector portuário e ferroviário (e que representam a maioria dos projectos definidos como prioritários no relatório do grupo de trabalho encomendado pelo Governo).

O ministro reiterou que “é muito importante para Portugal que o Governo possa apresentar já no princípio de Abril uma definição das prioridades de investimento em infra-estruturas (…) porque uma parte importante da viabilização destes investimentos passa pelo acesso a fundos comunitários, aos quais Portugal tem de se candidatar em concorrência com os outros países".

Quanto às propostas já apresentadas pelo grupo de trabalho, Pires de Lima classificou-as como uma "muito boa base de partida para a discussão" que está agora a acontecer, até dentro do próprio ministério, porque "a posição do Governo ainda não foi tomada".

Nesta sexta-feira, o ministro reuniu-se também com o CDS e o próximo encontro começará às 17h30 com o Bloco de Esquerda. Fica a faltar apenas o PSD, na próximo dia 13 de Março, já que quinta-feira foram recebidos Os Verdes e o Partido Comunista Português (PCP).

Hélder Amaral, do CDS, veio elogiar a "tentativa que está a ser feita para consensualizar um conjunto de projectos, obras e investimentos que são importantes para o país". O deputado apelou ao PS para “olhar um pouco para o que aconteceu no passado” porque o partido “saiu bastante fragilizado e prejudicado naquilo que foi um conjunto de obras de investimentos públicos que não tiveram consenso e deram azo a um conjunto de críticas”.

Portugal transformado num "entreposto de mercadorias"
Já o PCP emitiu um comunicado em que acusa o executivo de Passos Coelho de querer transformar Portugal num “entreposto de mercadorias”, beneficiando os “grandes interesses privados”. Os comunistas consideram que a intenção de avançar com estes projectos “não pode ser desligada da crescente acção de propaganda e mistificação da realidade, assim como do projecto eleitoral que se aproxima”, referindo-se às eleições europeias agendadas para o final de Maio.

O PCP diz ainda que demonstra uma “submissão aos interesses do grande capital” e um “desprezo da opinião das organizações representativas dos trabalhadores, das autarquias, das autoridades metropolitanas de transportes, das comunidades intermunicipais, das comissões de coordenação e desenvolvimento regional, que não foram ouvidas ou foram apenas chamadas nestes últimos dias, para figurar nos vários momentos mediativos que o Governo escolheu”.

Em reacção à reunião de quinta-feira no Ministério da Economia, o partido afirma que o Governo “não está em condições de promover qualquer desenvolvimento ou modernização das infra-estruturas de transportes e logística” no país. 

O debate com os diferentes partidos surge na sequência de um relatório encomendado pelo Governo a um grupo de trabalho nomeado em Agosto. No documento, foram elencadas as infra-estruturas prioritárias para o país, com um investimento total estimado em mais de 5000 milhões de euros, suportados em parte por fundos comunitários.

Dos projectos fazem parte, por exemplo, o novo terminal de contentores de Lisboa ou a ligação ferroviária, para transporte de mercadorias, entre Évora e Badajoz.

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