DBRS corta rating da dívida subordinada do BES

Moody's também baixou notação do ESFG para o nível imediatamente acima ao que é atribuído às empresas que entram em incumprimento.

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Moody's tem feito diversas reduções às notas atribuídas ao grupo Espírito Santo Foto: Mike Segar/ Reuters (arquivo)

A agência de notação financeira canadiana DBRS cortou nesta quinta-feira o rating da dívida subordinada do Banco Espírito Santo (BES) em três níveis, de BB (high) para B (high), estando esta nota sob revisão para novo corte.

Em comunicado, a DBRS refere também que baixou a avaliação intrínseca (intrinsic assessment) do BES em um nível, de BBB (low) para BB (high), que o rating da dívida de longo prazo e dos depósitos do banco permaneceu inalterado em BBB (low), tal como a nota da dívida de curto prazo e dos depósitos, que se manteve em R-2 (middle).

A agência canadiana refere-se às "pressões que o banco está a enfrentar nos seus fundamentos, tendo em conta as preocupações crescentes sobre a robustez financeira das maiores subsidiárias, que incluem as entidades do Grupo Espírito Santo (GES)".

Para a DBRS, o BES "está vulnerável à deterioração da posição financeira das entidades do GES" e a exposição entre as várias empresas "tem potencial para ter um impacto negativo na base de capital do BES".

Além disso, a DBRS refere que a exposição do BES ao BES Angola "continua incerta", alertando que, "se as dificuldades do BES Angola são provavelmente possíveis de gerir isoladamente, acrescentam incerteza à posição financeira do BES e restringem a sua flexibilidade financeira".

A DBRS antecipa que o BES provavelmente receba "algum tipo de apoio sistémico" num cenário altamente adverso e diz que está "confortável" com o acesso do BES ao financiamento do Banco Central Europeu (BCE) "se necessário", embora considere que "a posição de liquidez actual do banco pareça sólida".

A instituição considera que, se o BES aceitar apoio do Estado, isso provavelmente teria "implicações negativas" para os detentores de dívida subordinada no banco e para a flexibilidade estratégica do grupo.

Moody's vê ESFG perto do default

A agência internacional Moody’s voltou nesta quinta-feira a cortar o <i>rating</i> atribuído ao Espírito Santo Financial Group (ESFG), colocando-o no nível imediatamente acima ao que é atribuído às empresas que entram em incumprimento com os seus credores.

De acordo com uma nota publicada pela agência, a classificação atribuída ao ESFG – a holding através da qual a família Espírito Santo detém a sua participação no BES – passou de Caa2 para Ca, uma queda de dois níveis. Segundo as definições da Moody’s, um rating Ca significa que o activo a ser analisado “é altamente especulativo e está provavelmente ou estará no futuro muito próximo em default”. Este é o rating mais baixo antes do nível C, que é atribuído quando já se regista um incumprimento.

A agência diz, em relação à decisão agora tomada sobre o ESFG, que “reflecte o crescente risco de um default para o grupo, combinado com o potencial para que haja perdas significativas para os credores”.

A Moody’s apresenta dois grandes motivos para estar a temer a ocorrência de um incumprimento no pagamento da dívida por parte do ESFG. O primeiro é a exposição que tem a dois dos seus accionistas, a Rioforte e a Espírito Santo International (ESI), duas holdings que têm vindo a revelar sérios problemas financeiros.

A Moody’s destaca dois acontecimentos recentes para comprovar isso. Um ocorreu a 9 de Julho, quando a ESI anunciou uma reestruturação de dívida que de outra forma não seria capaz de pagar, e o outro deu-se nesta quarta-feira, quando a Rioforte não conseguiu pagar o papel comercial subscrito pela Portugal Telecom. Perante estes sinais, a Moody’s diz que “a contínua opacidade em torno da saúde financeira do grupo Espírito Santo contribui para as crescentes preocupações em relação ao perfil de dívida do ESFG”.

O segundo grande motivo para a descida do rating, diz a nota, é a “cada vez mais limitada flexibilidade financeira do ESFG”. Como exemplo deste facto a Moody’s dá a necessidade que a empresa sentiu de vender 4,99% da sua participação no BES para cumprir as suas obrigações num empréstimo que lhe tinha sido concedido para participar no aumento do capital do BES. A Moody’s salienta ainda que o ESFG revelou que a participação de 20,1% que lhe resta não poderá ser usada para obter fundos para a empresa, uma vez que serve também de garantia noutros créditos.

A confiança da Moody’s em relação a uma recuperação rápida da situação financeira da ESFG e a uma subida do rating é nula. “Como indica a descida do rating para Ca, a Moody’s não vê qualquer perspectiva de retoma de curto prazo para a ESFG”, afirma o relatório, que avisa que o rating pode ser colocado em C, assim que se concretizar um default.

A negociação das acções da ESFG em bolsa foi suspensa há uma semana. A empresa ainda não deu qualquer informação sobre quando é que a troca de títulos poderá voltar a ser feita.

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