Eixo Sines-Badajoz concentra investimento na ferrovia

Na rede ferroviária só está prevista a construção de uma nova linha, de 90km, entre Évora e Caia.

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Fernando Veludo/N Factos

Nos planos do Governo apenas está prevista a construção de uma nova linha, de 90 quilómetros, entre Évora e Caia. Os restantes investimentos limitam-se a “jardinar” pela rede ferroviária com a modernização de alguns troços e a eliminação de estrangulamentos à exploração.

Trata-se de uma abordagem pragmática que visa aproveitar o caminho-de-ferro que ainda subsiste em Portugal (depois dos encerramentos dos últimos anos), adaptando-o sobretudo para o transporte de mercadorias. Isto, apesar de o documento apresentado arrumar os investimentos ferroviários em corredores “estratégicos”.

Dos 2569 milhões de euros a aplicar na ferrovia, a fatia de leão vai para o eixo Sines-Badajoz, que inclui a modernização de troços existentes e da nova linha que vai ligar Évora ao Caia e que estava já contemplada (e adjudicada) no Governo de Sócrates, embora no mesmo pacote da linha do TGV entre Poceirão e Espanha. O documento refere ainda a possibilidade de uma nova linha entre Sines e Grândola, que constituiria um atalho em relação à ligação actual que passa por Santiago do Cacém.

Na Beira Alta o PETI prevê agarrar na actual linha e fazer-lhe uma autêntica revolução através da construção de variantes e de cruzamentos para poder acomodar comboios (de mercadorias) com 750 metros.

O documento diz que a linha ficará dotada com bi-bitola para que nela possam circular comboios com bitola ibérica e europeia (esta última tem uma distância entre carris 23 centímetros inferior à que vigora em Portugal e Espanha). Mas não esclarece se será colocado já um terceiro carril (que não teria qualquer utilidade porque não há continuidade do lado espanhol), ou se apenas serão aplicadas travessas preparadas para receber no futuro esse novo carril. Tudo isto por 900 milhões de euros, incluindo ainda um mal assumido ramal para Viseu, que aparece de forma envergonhada na lista de projectos.

Quanto à linha do Norte, 20 anos depois do início da modernização, esta poderá ficar concluída em 2019 após a intervenção nos troços Ovar-Gaia, Alfarelos-Pampilhosa e na zona do Ribatejo. São 400 milhões de euros para que, por exemplo, a viagem em Alfa Pendular deixe de ser um rali e passe a ter velocidade mais constante. Apesar de “estratégico”, este projecto não acautela o futuro, ao não prever uma terceira via ao lado da actual entre Alfarelos e Pampilhosa, um dos troços mais congestionados da linha.

A linha do Oeste é contemplada com 135 milhões de euros para a sua electrificação e instalação de sistemas de sinalização modernos, incluindo os ramais às fábricas de cimentos e celuloses. O PETI diz que “este projecto é uma alternativa à linha do Norte” e que permite “estruturar a frota de material diesel da CP” com a sua substituição por comboios eléctricos.

A electrificação da rede é, aliás, um dos objectivos mais importantes do plano que, a concretizar-se, contemplará o grosso das vias férreas do país. É isso que está previsto para a linha do Minho (145 milhões de euros), cuja região se conformou à perda da ligação em alta velocidade com a Galiza, e onde serão também electrificados os ramais particulares de acesso a empresas.

Na linha do Douro a electrificação é mais tímida, quedando-se por Marco de Canavezes (20 milhões de euros a gastar até 2015 entre Caíde e aquela cidade). A Régua ficará à margem dos comboios eléctricos, bem como o troço até Pocinho, que não terá investimento. Serão ainda electrificados os troços Guarda-Covilhã e o ramal de Neves Corvo.

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