Atrasos superiores a duas horas nos voos no Porto e em Faro

Aeroporto da capital foi o mais afectado durante o dia pela greve dos seguranças, mas os efeitos alastraram-se. Não houve cancelamentos até agora.

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TAP garante que ainda não coloca a hipótese de cancelar voos Daniel Rocha

A greve dos seguranças nos aeroportos continua a provocar atrasos nas ligações aéreas, especialmente em Lisboa, mas também já se regista atrasos nos voos superiores a duas horas nos aeroportos do Porto e de Faro, revelam os dados publicados no site da ANA, a empresa que gere estas infra-estruturas.

O aeroporto da capital foi o mais afectado ao longo do dia pela greve dos seguranças, que agendaram um dia de paralisação para reclamar melhores de condições de trabalho. No aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, continua a haver voos com um tempo de espera superior a duas horas, tal como se verificou desde a manhã deste sábado. Por exemplo, ligação entre a capital portuguesa e a cidade de Bruxelas, planeada para as 19h55, foi reprogramada para as 22h, e os voos para Barcelona e para a cidade da Praia, previstos para as 20h45 e 20h50, respectivamente, derraparam para as 22h20 e 22h05.

Uma análise ao painel informativo da ANA permite perceber que são os voos da ponte aérea entre Lisboa e Porto quem tem sido mais afectados, naturalmente em ambos os sentidos. Desde o Porto, os voos das 19h30 e das 21h30 foram reagendados para as 22h40 e 23h. 

Já em Faro, onde os efeitos da paralisação tinham sido menos sentidos do que no Porto, há igualmente casos mais críticos, nomeadamente em voos da Monarch com destino a Birmingham. A hora inicial era 17h35, mas a previsão agora é que o avião descole apenas às 22h40.

Até agora, não há registo de qualquer cancelamento. A TAP, que se viu obrigada a suspender neste sábado uma ligação entre Lisboa e Porto fruto das condições meteorológicas, referiu ao PÚBLICO que não colocava a hipótese de cancelar voos por causa da greve. A transportadora aérea já tinha aconselhado os passageiros a comparecer mais cedo no aeroporto.

Carina Correia, porta-voz da TAP, explicou que os seus voos "estão com um atraso entre 1h30 e duas horas" e que os funcionários da companhia "têm feito um enorme esforço para minorar a situação dos passageiros", mesmo dos que não viajam com a empresa, "entregando bebidas e snacks".

Prevê-se que os impactos desta greve ainda se façam sentir no domingo, já que cada atraso tem impacto no voo seguinte. No entanto, a tendência será de normalização ao longo do dia. 

“Uma greve histórica”, diz sindicato

Os sindicatos que representam os trabalhadores da segurança nos aeroportos afirmaram à Lusa que a greve deste sábado está a ter uma adesão de 80% em Lisboa e superior a 50% nos aeroportos de Faro e do Porto.

Carlos Trindade, do Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpezas Domésticas e Actividades Diversas, considerou que se trata de "uma greve histórica", que está a fazer com que "os passageiros não consigam passar o controlo de raio-x e os pórticos", ficando por isso "as salas completamente cheias" no aeroporto de Lisboa.

Em causa está a exigência de melhores condições de trabalho: "os trabalhadores exigem que sejam alteradas as suas escalas, que estão hoje organizadas de forma totalmente desumana", além de que "há trabalhadores que trabalham sete horas seguidas sem pausa para descansarem", reportou.

Mas os problemas que o sindicalista quer ver resolvidos não se prendem apenas com as horas de trabalho e com os períodos de descanso, mas também com as condições físicas em que os trabalhadores de segurança aeroportuária operam.

"Não há condições de saúde e segurança no trabalho, não há balneários onde os trabalhadores possam tomar um banho, não há cacifos distribuídos a cada trabalhador nos vestiários, que não têm condições para se fardarem e desfardarem, não há condições no refeitório que é uma pequena sala com uma mesa para dez pessoas. No Terminal 2, o próprio refeitório não tem micro-ondas e os trabalhadores têm de pedir o favor a um restaurante defronte da sala de refeições para aquecerem a comida", referiu.

Também Armando Costa, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), disse à Lusa que estes trabalhadores "não têm carreiras" e "ganham sempre o mesmo desde o início nem que estejam [na empresa] 20 anos".

O dirigente sindical realçou ainda a impossibilidade por parte destes trabalhadores de conciliarem a vida pessoal e familiar: "A maior parte deles é gente jovem, que não tem possibilidades de constituir família nem de ter vida social e pessoal, e são seleccionados por isso".

Quanto aos serviços mínimos, um assunto em relação ao qual o Sitava e as empresas de segurança Prosegur e Securitas não chegaram a acordo, Armando Costa recordou que "a lei tem de quantificar o número de trabalhadores" necessários para garantir os mínimos.

"No despacho que foi feito pelos quatro ministérios, isso não estava quantificado isso e por essa razão é que há este granel hoje. Se fossem feitos serviços mínimos com os voos, como nós sugerimos, se calhar não tínhamos o granel que temos hoje e o incómodo que ainda é para os passageiros", afirmou o sindicalista do Sitava.

Os trabalhadores da Prosegur e da Securitas, que asseguram o raio-x da bagagem de mão e o controlo dos passageiros e também dos trabalhadores dos aeroportos cumprem hoje 24 horas de greve, marcadas após mais de nove meses de negociações para a celebração de um novo contrato colectivo de trabalho. Com Lusa

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