Grécia diz que está a negociar programa cautelar
Antonis Samaras tenta tranquilizar mercados que nos últimos dias mostraram receio de saída antecipada da troika da Grécia.
Depois de dois dias de reacção muito negativa dos mercados, Antonis Samaras tentou esta sexta-feira emendar a mão na sua estratégia de fazer a Grécia abandonar o programa da troika mais cedo do que o previsto.
O primeiro-ministro grego, a falar à margem da cimeira Europa – Ásia, que decorre em Milão, voltou a afirmar que “a Grécia não tem necessidade de um novo memorando”. No entanto, fez questão de esclarecer que a forma como a Grécia irá viver o período pós-programa da troika está a ser negociada com a Comissão Europeia e o FMI e que “todos concordam que a Grécia irá manter-se no caminho das reformas”, sendo possível ainda que o país tenha a acesso a uma linha de crédito cautelar.
Samaras deixou claro que o mais provável é que a Grécia chegue a acordo com os membros da troika em relação a um apoio financeiro menos rígido do que o actual programa sob a forma de “uma linha de crédito cautelar, que proteja o país de eventuais perturbações nos mercados”.
Estas declarações do primeiro ministro grego surgem depois de, nos mercados internacionais, se ter assistido a um ambiente de grande instabilidade que trouxe de volta os fantasmas da crise do euro. O abrandamento acentuado da economia do espaço da moeda única foi uma das causas para o pessimismo dos investidores, mas outra razão apontada foi o facto de o Governo grego ter anunciado que pretende sair mais cedo do que o previsto do programa da troika.
O empréstimo da União Europeia à Grécia termina este ano, enquanto o do FMI dura mais um ano. Samaras deu a indicação que queria a troika fora do país antecipadamente (e antes das eleições).
Nos mercados, a maioria dos investidores não acredita na capacidade grega para resistir sem o apoio financeiro da troika. As taxas de juro da dívida grega a dez anos subiram de cerca de 7% na terça-feira para mais de 9% na quinta-feira. Portugal passou de menos de 3% para um valor acima de 3,5%.
Esta sexta-feira, o ambiente acalmou e nos mercados de acções e obrigações europeus, especialmente na Grécia, registou-se uma recuperação parcial das perdas dos dias anteriores.
Com um programa cautelar, Samaras não deverá conseguir contudo aquilo que desejava para antes das eleições, nomeadamente o fim da imposição de condições à Grécia por parte da troika.