França lança 2500 milhões em incentivos fiscais para aumentar investimento

Reforço de apoios às empresas arranca este mês. Paris espera para ver resultados sem alterar previsão de crescimento.

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Manuel Valls apresentou o plano de incentivos no Palácio do Eliseu, em Paris, nesta quarta-feira PHILIPPE WOJAZER/Reuters

As empresas que realizarem investimentos industriais em França vão poder deduzir 140% do valor investido, através de um crédito fiscal. O plano de incentivos, anunciado nesta quarta-feira pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls, ascende a 2500 milhões de euros ao longo de cinco anos.

Com os baixos níveis de investimento a condicionarem o frágil crescimento da segunda maior economia da zona euro, a estratégia do executivo francês passa por “alimentar” sectores-chaves como a maquinaria e a robótica, cobrindo não só os investimentos elegíveis das empresas como atribuindo um crédito superior ao que foi gasto.

O projecto de lei entra em vigor este mês, sendo elegíveis os investimentos realizados já a partir de 15 de Abril até 15 de Abril de 2016. Há outras medidas no plano do executivo. E para o Estado, a perda de receita de 2500 milhões será diluída ao longo de cinco anos, havendo em 2015 um impacto de 200 a 300 milhões de euros, segundo a estimativa do Governo francês.

Ao pacote de apoios que Valls classificou como um plano “sem precedentes”, a imprensa francesa chamou-lhe um “arsenal de medidas” para relançar a economia (expressão da AFP), um novo “gesto fiscal” (Les Echos), um “novo totem” do executivo socialista (Le Monde).

Para além da medida mais emblemática, foi alargado de 6000 milhões para 8000 milhões o montante dos empréstimos do Banco Público de Investimento este ano e no próximo. Os créditos concedidos por esta instituição de desenvolvimento, dirigidos às Pequenas e Médias Empresas, permitem que o reembolso dos empréstimos só comece ao fim de dois anos, garantindo um balão de oxigénio no arranque de investimentos. Manuel Valls, escreve o jornal Le Monde, anunciou ainda 500 milhões de euros de investimentos adicionais nas infra-estruturas e transportes.

A segunda maior economia do euro deverá crescer este ano apenas 1%. Paris espera para ver os resultados das medidas de incentivo que agora anunciou. Para já, não mexeu nas previsões de crescimento. Mas ainda na semana passada o ministro das Finanças, Michel Sapin, traçava como objectivo conseguir um ritmo de progressão do PIB acima do patamar de 1%, expectativa que nesta quarta-feira voltou a alimentar.

É também esse o ritmo projectado por Bruxelas. Segundo as previsões da Comissão Europeia, publicadas no início de Fevereiro, o investimento francês não deverá ir além de 0,6% este ano, mesmo a beneficiando de uma retoma na procura interna.

Para o consumo privado, Bruxelas aponta para um crescimento de 1,5%, enquanto o consumo público não deverá ir além de uma variação de 0,8%. O ritmo de crescimento das exportações, a confirmarem-se as previsões da Comissão, será de 4,3% e ficará ligeiramente acima do ritmo exportador, de 4,2%.

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