Fitch diz que crédito malparado deve aumentar em 2014, mas a um ritmo mais moderado

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Prestação dos empréstimos a rever em Abril vai subir Nelson Garrido

O crédito malparado deve continuar a aumentar em 2014, ainda que a um ritmo mais moderado se a recessão económica abrandar, considera a agência de rating Fitch, que se mostra preocupada com a deterioração dos activos dos bancos.

“Esperamos que o crédito malparado suba em 2014, embora a um ritmo mais lento se a recessão económica diminuir”, afirma a empresa de notação de crédito Ficth, num documento divulgado nesta segunda-feira sobre as perspectivas para o sistema bancário português em 2014, em que considera ainda que deverá haver uma estabilização das imparidades de crédito para fazer face ao incumprimento dos empréstimos.

As imparidades elevadas, as baixas taxas de juro e o menor volume de negócios são os factores que irão, segundo a Ficth, ameaçar os resultados dos bancos em 2014, a que se somam os juros pagos ao Estado no caso das instituições que recorreram ao dinheiro público para se recapitalizarem (CGD - Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI e Banif). Em contrapartida, a pressão sobre os resultados deverá ser compensada pelo menor custo dos depósitos, a eventual angariação de receitas com venda de activos, a rentabilidade da actividade internacional e a redução dos custos.

Para a Fitch, a qualidade dos activos dos bancos é o “maior risco” do sistema bancário português para 2014, apesar de considerar que pode “começar a recuar” se a economia portuguesa recuperar. A Fitch projecta que a economia vai crescer 0,2% em 2014.

Aliás, apesar do risco que antevê, a agência considera que a deterioração de activos deverá ser “menos pronunciada” em 2014 do que em anos anteriores, já que é esperada alguma recuperação económica. Os créditos às pequenas e médias empresas, aos sectores da construção e imobiliário e àqueles sectores que vivem do consumo interno são aqueles onde detecta mais vulnerabilidades, enquanto o crédito hipotecário deverá ter um desempenho melhor, apesar do risco de aumentar caso o desemprego continue elevado.

Quanto ao rating dos bancos, estes continuam “vulneráveis a riscos soberanos, incluindo o progresso de Portugal com a implementação do programa” de ajuda financeira, assim como à evolução da situação económica (caso a recessão dure mais do que esperado) e à continuada apresentação de prejuízos, já que colocaria em causa a manutenção de níveis de capitalização adequados.

A elevada dívida soberana de Portugal que os bancos detêm é outro factor de risco de crédito detectado pela Fitch, depois de a exposição ter aumentado em 2013. Também em 2014 a Ficth antecipa uma subida.

A empresa espera também que o financiamento do Banco Central Europeu (BCE) continue a ser uma importante fonte de financiamento e liquidez dos bancos no próximo ano, especialmente para BCP, CGD e Banif, enquanto deverá diminuir a contracção de crédito e os depósitos devem continuar estáveis.

Quanto aos níveis de capital, a Ficth diz que os actuais são adequados, mas espera que os rácios de capital do Banif, BCP e CGD estejam sobre “grande pressão” em 2014 quando comparados com outros bancos em função do perfil mais fraco do risco de crédito destas instituições. Como para todos os outros indicadores, os riscos podem agravar-se caso a recessão económica dure mais do que o previsto, avisa.

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