Ex-secretária de Estado dos Transportes do PS teme 700 despedimentos na fusão Refer/EP

Ana Paula Vitorino considera que a junção entre as duas empresas públicas mascara “um processo de privatização”, sem nenhum objectivo de eficiência.

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A fusão entre gestora da rede ferroviária nacional e a Estradas de Portugal foi anunciada em Abril Paulo Pimenta

A fusão entre a Estradas de Portugal (EP) e a Refer vai “aumentar a carga fiscal e despedir 700 pessoas”, disse a ex-secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, referindo que trata-se de “uma fraude” do actual Governo.

Segundo a ex-secretária de Estado dos Transportes e actual deputada do Partido Socialista (PS), o Governo está a “enganar as pessoas” com o processo de fusão entre a EP e a Refer, porque “a poupança de mil milhões de euros daqui a cinco anos é uma fraude, não é poupança nenhuma, é aumentar a carga fiscal e despedir 700 pessoas”.

A deputada do PS falou à margem de uma conferência sobre transportes públicos, integrada na IV Convenção O papel do Estado nos sectores estratégicos, que decorreu esta quarta-feira à noite, na Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS.

Ana Paula Vitorino referiu que o actual Governo pretende arrecadar financiamento e poupanças através da “venda de activos mobiliários, sinergias operacionais, venda de passes de negócios e maior contenção de despesas”, sendo que, neste momento, o financiamento da Refer é resultado das taxas de utilização das infra-estruturas e no caso da EP é através das portagens e taxas sobre os combustíveis.

“Vamos todos começar a pagar mais em relação à taxa de combustível [...]. É o povo a pagar mais um bocadinho”, criticou a socialista, em relação à fusão destas duas empresas públicas. Para a ex-secretária de Estado dos Transportes, o processo de fusão entre a EP e a Refer não tem nenhum objectivo de eficiência, mas sim “mascarado um processo de privatização, um processo de alienação da responsabilidade do Estado”.

O ministro da Economia, António Pires de Lima, anunciou a 3 de Abril que a fusão entre a Refer, gestora da rede ferroviária nacional, e a Estradas de Portugal (EP), gestora da rede rodoviária, avançava naquele mês para estar em execução no segundo semestre do ano, e concluída no início de 2015.

O ministro considerou, na altura, que “a racionalidade do projecto é óbvia, tanto do ponto de vista estratégico”, como do “ponto de vista da racionalidade económica” e referiu a eficiência dos modelos europeus semelhantes.

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