Ex-presidente da Junta da Galiza critica decisões do Governo Português sobre TGV e portagens

O ex-presidente da Junta da Galiza, em Espanha, Emilio Touriño, criticou o Governo Português por ter desistido do projecto do TGV e por ter introduzido portagens nas SCUTS do norte do país, medidas que prejudicam o desenvolvimento naquelas regiões.

Num artigo de opinião publicado hoje no diário espanhol El País, Emilio Touriño afirma que “este ano não se tem tido mais do que más notícias para o desenvolvimento das regiões da Galiza e do norte português”.

O ex-presidente da Junta da Galiza comenta: “Primeiro foi o abandono do projecto de alta velocidade (TGV) entre Porto e Vigo e depois a decisão do Governo Português de penalizar com a introdução de portagens a livre circulação das auto-estradas (SCUTS) do norte”.

Para Emilio Touriño, na zona que denominou como “euro-região Galiza-Norte de Portugal”, é “importante impulsionar um grande potencial de desenvolvimento em torno das suas cidades”, através não só da criação de pólos de inovação, como o Centro Internacional de Excelência em Nanotecnologia de Braga ou o Campus del Mar em Vigo, mas principalmente pela mobilidade.

“É imprescindível criar uma rede de infra-estruturas competitiva que seja vertebral na euro-região, que ajude a integrar a mobilidade e as relações entre a rede de cidades e a sua plena inserção nas redes europeias e nos tráfegos internacionais aproveitando as sinergias e complementaridades dos seus portos e aeroportos”, considerou o antigo responsável pela região espanhola.

O presidente da Junta da Galiza entre 2005 e 2009 questionou que a concretização da modernização da euro-região possa acontecer sem “levantar barreiras à mobilidade de pessoas e mercadorias”.

E coloca a pergunta: “Renunciaremos ao futuro de um comboio de alta velocidade que ligue as nossas cidades aos seus portos e aeroportos? Um comboio alta velocidade entre Porto e Vigo, que permita interligar com fluidez e rapidez este conjunto urbano, é uma aposta decisiva para o desenvolvimento da euro-região e não devemos renunciar a ela.”

“Devemos ser conscientes de que, na ausência dessa moderna conexão ferroviária que ligue a Galiza ao Norte de Portugal, o desenvolvimento de outros projectos alternativos como o TGV Madrid-Lisboa-Porto desenhará outro futuro e outro cenário do qual sairemos muito debilitados da nossa relação com a região norte portuguesa”, disse.

Emilio Turiño salientou ainda que “perante a crise económica que nos atinge com toda a intensidade, é mais necessário do que nunca seleccionar com precisão e defender com firmeza os nossos objectivos e projectos prioritários. Por isso é preocupante que assumamos tão passiva e resignadamente um futuro mais do que incerto para um projecto tão central como o TGV Vigo-Porto”.

“O mesmo se passa com a portagem para circular nas auto-estradas do norte de Portugal”, afiançou, acrescentando que a decisão do Governo português “não favorece a mobilidade na euro-região e, além disso, a forma de pagamento eleita provoca uma heterogeneidade de dispositivos e de sistemas de pagamento bastante absurda e prejudicial dentro de uma região da União Europeia, indo, de certo modo, em direcção contrária do espírito da União, que procura favorecer a livre circulação de pessoas e mercadorias no seu interior”.

Emilio Touriño salientou que a área metropolitana do Porto, passando por Braga, Guimarães e Viana, os espaços metropolitanos de Vigo-Pontevedra, da Coruña-Ferrol, juntamente com Santiago-Lugo e Ourense, são pólos “concentram os maiores recursos humanos, económicos, tecnológicos e culturais da euro-região”.

“Essa massa crítica urbana de que dispomos tem que funcionar como um todo contínuo e entrelaçado de relações fluidas e interligadas com a rede, através de um sistema de transporte rápido, moderno e eficiente”.

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