Espanha quer evitar resgate usando o que sobrar do auxílio aos bancos

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Espanha colocou esta quinta-feira 4800 mil milhões de euros de dívida pública a taxas de juro mais baixas Fred Dufour

O El País afirma que o executivo de Rajoy espera poupar até 60 dos 100 mil milhões de euros do resgate à banca espanhola e aceder assim ao novo mecanismo de compra de dívida anunciado pelo BCE.

O governo espanhol quer aproveitar a maior parte das sobras do resgate de 100 mil milhões de euros ao sector bancário e aplicar o dinheiro às necessidades do Estado, garantindo assim a entrada do Banco Central Europeu (BCE) na compra de dívida sem que o país tenha que pedir um segundo resgate.

A ideia, escreve esta quinta-feira o El País, é a de poupar até 60 dos 100 mil milhões de euros aprovados como tecto máximo pelos parceiros europeus para o auxílio aos bancos espanhóis.

Ao fazê-lo, a Espanha ficaria apta para aceder ao novo mecanismo de compra ilimitada de dívida do BCE, anunciado em Agosto pelo presidente do banco, Mario Draghi, e que estipula que os países tenham um pedido formal de ajuda activo – que, neste caso, seriam os 100 mil milhões de euros que inicialmente estavam destinados apenas para a banca.

O executivo fica dependente do dinheiro que o sector bancário possa dispensar. O anúncio do valor preciso em que se vão traduzir as necessidades de capital da banca está marcado para o final da próxima semana. Apesar disso, o El País diz que esse valor deve situar-se entre os 40 a 45 mil milhões euros, o que deixa para o Governo de Rajoy entre 55 e 60 mil milhões de euros.

Mas a Espanha está também dependente dos mercados, que aliviaram a pressão sobre o país desde que foi anunciado pelo BCE o mecanismo de compra ilimitada de dívida aos países resgatados nos mercados primário (novas emissões) e secundário (em segunda mão). Caso este período de relativa calma na subida dos juros acabe, diz o El País que a ideia “inédita” do Governo espanhol deixa de ter o aval dos parceiros europeus, em particular o sim da Alemanha.

É que o Governo espanhol espera que, ao garantir o acesso à compra de dívida pelo BCE, a pressão sobre outros países em risco também diminua. Algo que não deve acontecer se a pressão voltar a apertar nos mercados de dívida internacional.

Outros destinos para o Governo espanhol

A possibilidade de poupar no pacote de 100 mil milhões de euros e conseguir acesso à compra de dívida pelo BCE é a hipótese intermédia num universo de três destinos possíveis para o Governo espanhol.

Apesar de ser a opção menos desejada pelo executivo, o El País afirma que a possibilidade de pedir um segundo resgate não está colocada de lado. A concretizar-se, o resgate seria acompanhado da exigência de novos constrangimentos orçamentais, mais severos ainda do que as medidas que foram já implementadas no seguimento do primeiro resgate e também pelo Governo de Rajoy, algo que o executivo quer evitar.

Por fim, surge a opção “menos realista”: expressão do jornal espanhol. O Governo não agiria de todo, aproveitando a actual e relativa calma nos mercados, na esperança de que a pressão que antecedeu o anúncio de Draghi não voltasse.

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