Empresas públicas de transportes perderam 3500 trabalhadores em cinco anos

Indemnizações custaram mais de 100 milhões. Resultados operacionais do sector foram positivos em 57,5 milhões de euros em 2014.

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CP foi a empresa que mais trabalhadores perdeu NELSON GARRIDO

As empresas públicas de transportes perderam 3500 trabalhadores no período de cinco anos, em grande parte fruto das medidas de racionalização impostas pelo actual Governo. As reformas no sector, acordadas com a troika, permitiram o reequilíbrio da operação, que culminou num resultado positivo de 57,5 milhões no final do ano passado.

De acordo com dados do Ministério da Economia, a redução dos quadros de pessoal foi de 21% entre 2010 e 2014, acima da meta de 20% que tinha sido inscrita pelo Governo no Orçamento do Estado do ano passado.

Dos 3466 trabalhadores que deixaram estas empresas, a maioria pertencia ao grupo CP. A transportadora ferroviária dava emprego a 5575 pessoas em 2010 e chegou ao final do ano passado com 4352 (ou seja, menos 1223).

Seguem-se a Refer (com uma redução de 893 trabalhadores) e a Carris, que perdeu 596 pessoas. Já a Metro de Lisboa passou de 1879 para 1536 postos de trabalho, após a saída de 343 funcionários. E, na STCP, o corte foi de 329 trabalhadores. Por fim, da Transtejo e da Metro do Porto saíram 59 e 23 pessoas, respectivamente.

A racionalização dos quadros de pessoal foi uma das medidas encontradas pelo Governo para cumprir a meta acordada com a troika de reequilibrar as contas do sector até ao final de 2012. O objectivo foi atingido e aprofundado nos anos seguintes.

No final do ano passado, o resultado operacional das empresas públicas transportes, excluindo factores extraordinários, foi novamente positivo em 57,5 milhões de euros, melhorando inclusivamente face aos 6,7 milhões de 2013.

Nestes factores extraordinários inclui-se os gastos com o pagamento de indemnizações aos trabalhadores que aceitaram as rescisões por mútuo acordo. Desde 2010, as transportadoras do Estado já gastaram 101,6 milhões de euros nesta rubrica, tendo a despesa ficado em 11,1 milhões no ano passado.

E o resultado atingido em 2014 ficou a dever-se, em grande parte, à redução das despesas, nomeadamente os custos com pessoal, que caíram 44,3 milhões de euros. Já as receitas subiram apenas 2% para um total de 862,3 milhões de euros.

Além do reequilíbrio operacional, a troika também tinha imposto ao Governo o lançamento de uma estratégia para lidar com o endividamento do sector. Desde o ano passado que têm sido feitas sucessivas injecções de capital nestas empresas, que se prevê que atinjam 8500 milhões de euros até ao final de 2015.

De acordo com os dados do Ministério da Economia, a Estradas de Portugal é a empresa que mais dinheiro tem recebido, num total de 3075 milhões. Na Refer foram injectados 2886 milhões e, na Metro de Lisboa, outros 1624 milhões.

A CP recebeu 751 milhões, a Carris 122 milhões, a Transtejo 32 e a STCP 20 milhões de euros. Estes empréstimos têm servido para o Estado se substituir à banca, permitindo um financiamento a condições muito mais vantajosas.


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