Dono da Fiat e da Juventus compra The Economist

Família Agnelli passa a ser o maior accionista.

Foto
AFP/JACK TAYLOR

Depois de se desfazer do Financial Times, o grupo Pearson vendeu a participação de 50% que detinha no grupo The Economist por 469 milhões de libras (658 milhões de euros). A família Agnelli passa a ser o maior accionista do grupo da revista especializada britânica, do qual já era proprietária de uma participação de 4,72%.

Em comunicado emitido nesta quarta-feira, a Exor, empresa através da qual a família Agnelli faz os seus investimentos, anunciou que passará a deter 43,4% do grupo da revista, tendo a pagar 287 milhões de libras (401 milhões de euros) em dinheiro. No entanto, de acordo com os novos estatutos, os direitos de voto ficam limitados a 20%.

A restante percentagem é adquirida pelo próprio grupo da Economist, por um valor de 182 milhões de libras (254 milhões de euros), aumentando assim as participações de todos os accionistas. Para financiar a compra, o grupo anunciou que ia vender o edifício em St. James, Londres, onde está sedeado desde os anos 60.

A família Rothschild é a segunda maior accionista e passa a deter 26% do grupo.

A Exor tem participações em sectores distintos que vão desde a banca à construção de automóveis. Entre outras actividades, a empresa controla o grupo Fiat Chrysler Automobiles, o clube de futebol transalpino Juventus e a mediadora imobiliária Cushman & Wakefield.

A presença da família Agnelli em empresas detentoras de órgãos de comunicação social não é nova e sai reforçada com este negócio. Em Itália, a família de empresários é a dona do diário La Stampa e é a maior accionista do grupo RCS Mediagroup, que detém o Corriere della Sera, o maior jornal diário italiano em termos de circulação. O membro da família Agnelli e presidente executivo da Exor, John Elkann, tem ainda assento no conselho de administração da NewsCorp de Rupert Murdoch.

Citado pelo comunicado, Elkann acredita que a Economist tem ainda um “grande potencial” para “aproveitar várias oportunidades de desenvolvimento ligadas à digitalização na indústria dos media”.

Relativamente à estrutura, o grupo terá novos estatutos. As novas regras, que terão ainda que ser aprovadas pelos accionistas, estipulam que nenhum accionista poderá ter poder de voto superior a 20% e que nenhuma pessoa singular ou empresa possa deter mais de 50% das acções do grupo.

A intenção de vender tinha já sido anunciada e faz parte da nova estratégia do grupo Pearson. Outrora um conglomerado, o grupo aponta agora o foco para as publicações na área da educação, onde concentra a principal actividade, bem como o grosso dos resultados. A venda deve ficar concluída no último trimestre deste ano.

A Pearson comprou 50% do grupo da The Economist há mais de 50 anos, data altura em que adquiriu também o jornal britânico Financial Times. Em Julho, a empresa anunciou que tinha chegado a acordo com os japoneses da Nikkei para a venda do FT por 1,1 mil milhões de euros.

Sugerir correcção
Comentar