Desvalorização do yuan ensombra bolsa chinesa e economias emergentes

Xangai e Shenzhen caíram mais de 6%.

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O yuan tem desvalorizado face ao dólar Reuters

A desvalorização do yuan, que teve na semana passada uma queda abrupta e recuou para os valores mais baixos dos últimos cinco anos, continua a pesar nas bolsas do país e a lançar sombras receios sobre a economia de vários países emergentes.

Nesta terça-feira, a cotação do yuan face ao dólar fechou praticamente inalterada face ao preço de abertura (desvalorizou 0,3%), apesar de uma queda significativa a meio da sessão. São precisos cerca de 6,4 yuans para comprar um dólar. 

A bolsa de Xangai recuou 6,2%, uma descida semelhante à da bolsa de Shenzhen (cidade muitas vezes chamada “o Silicon Valley chinês”), que caiu 6,6%. A bolsa de Hong Kong também fechou em baixa, com uma descida de 1,4%. As grandes bolsas europeias também chegaram ao fim do dia no vermelho, embora com deslizes modestos, entre os 0,2% e os 0,4%, nos principais índices de Paris, Londres e Frankfurt. Em Lisboa, o PSI 20 recuou 0,16%.

A desvalorização da divisa foi impulsionada na semana passada pelo Banco Central da China, numa altura em que as autoridades têm também tentado travar a derrocada dos últimos meses na bolsa. O Governo está ainda a braços com um abrandamento da economia: o PIB deverá crescer 7% ao longo deste ano, o que é um ritmo baixo para os extraordinários padrões chineses.

À medida que a dinâmica exportadora chinesa abranda e o resto da economia também desacelera, aumentam as dificuldades de vários países – entre os quais o Brasil, a Rússia e vários países asiáticos – em vender matérias-primas para a China. Nos mercados internacionais, o preço de metais como o alumínio e o cobre tem vindo a cair.

Para além disso, com a desvalorização do yuan, as economias emergentes passam a ter a concorrência de produtos chineses ainda mais baratos. Neste contexto, os investidores têm visto indícios de uma possível guerra de divisas, em que os países procuram desvalorizar as respectivas moedas numa tentativa de fomentar as vendas ao estrangeiro. 

Por seu lado, o petróleo, de que a China é o segundo maior consumidor mundial, está de regresso aos valores baixos do início do ano, depois de alguns meses de ligeira recuperação. O barril de Brent, um dos indicadores mais relevantes, rondava nesta terça-feira os 48 dólares.

Os efeitos do baixo preço do petróleo afectam de forma mais profunda países como Angola ou a Venezuela, mas também se fazem sentir na economia da Arábia Saudita, um dos grandes produtores mundiais, mas que tem defendido na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) que se mantenham os níveis de produção elevados que estão a pressionar os preços (uma posição que colide com a da Venezuela, que defende uma redução da extracção).

Num relatório sobre a economia saudita, o FMI alerta que os preços baixos do petróleo vão comprometer o crescimento do país. Nas projecções para este ano, o valor das exportações de petróleo e produtos refinados cai 102 mil milhões de dólares (36%), para 184 mil milhões, que representam 78% das vendas ao estrangeiro.

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