Custos deixam portuguesa Partex fora do onshore angolano

Empresa afastou-se d licitação final de dez blocos de produção de petróleo devido aos custos de investimento e baixo preço do crude.

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António Costa Silva, presidente da Partex Patrícia Martins

A Partex não avançou para a licitação final de dez blocos de produção de petróleo no onshore angolano devido aos custos de investimento e baixo preço do crude, disse à Lusa o presidente da petrolífera portuguesa. "Em relação ao onshore, estávamos muito interessados, desde o início, mas com este ciclo de preços baixos, como os termos [do concurso] eram muito exigentes, os programas de trabalho eram muito exigentes, quer em termos sísmicos, perfuração de poços, na nossa análise económica e financeira, neste ciclo actual, não deu para passar esse tipo de projectos", disse António Costa Silva.

O presidente executivo da Partex, petrolífera da Fundação Calouste Gulbenkian, falava à Lusa, em Luanda, à margem da conferência "Energia em Angola 2015", promovida pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola. A Partex está presente em Angola há cerca de uma década, detendo actualmente uma participação de 2,5% no consórcio do bloco 17/06, de exploração em águas ultra profundas, ao largo de Angola.

Em causa, neste concurso para o onshore estão blocos para exploração de petróleo nas bacias terrestres dos rios Kwanza (sete) e Congo (três) que, segundo a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), podem representar mais de metade das reservas conhecidas do país, ou seja, pelo menos sete mil milhões de barris.

A Partex tinha sido uma das operadoras pré-qualificadas para apresentar propostas de licitação, o mesmo acontecendo com a também portuguesa Galp Energia. Contudo, no caso da Partex, a petrolífera não avançou para a fase final, cujos resultados ainda não foram revelados pela Sonangol.

"Eu penso que é necessário depois adaptar quer os termos [do concurso], quer o quadro fiscal a este novo ciclo, para atrair investimento externo", apontou António Costa Silva, à margem da mesma conferência, que se realiza anualmente em Luanda, desta vez com a forte quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional em análise.
A data limite para apresentação das propostas de licitação ao concurso foi prolongada até ao passado dia 1 de Outubro e a abertura das mesmas aconteceu no dia seguinte, em Luanda, informou anteriormente à Lusa fonte da Sonangol, concessionária da actividade petrolífera nacional. "Dentro dos próximos 45 dias, a Sonangol, deverá concluir a análise das propostas, proceder a adjudicação das concessões e realizar a contratualização com os grupos empreiteiros destas concessões", referiu, na ocasião, a mesma fonte.

Entre as 38 petrolíferas pré-qualificadas neste processo de licitação - que arrancou em Abril de 2014 - estavam, enquanto operadoras, as portuguesas Galp Energia e Partex, mas também empresas como a italiana Eni, a norte-americana Chevron ou a colombiana Ecopetrol, na mesma condição. A abertura das propostas é a etapa do processo de licitações que sucede à auscultação as empresas concorrentes, ao lançamento do concurso, à pré-qualificação e à publicação dos Termos de Referência do procedimento, explica ainda a Sonangol.

A data limite para apresentação das propostas de licitação a este concurso foi fixada, em Julho, para 18 de Setembro, tendo sido prorrogada em cima deste prazo, mas sem qualquer justificação oficial por parte da Sonangol.
No concurso para não-operadoras (minoritárias nos grupos empreiteiros a constituir por bloco) estavam pré-qualificadas, segundo informação da Sonangol, 47 empresas, desconhecendo-se igualmente quais as empresas que avançaram com propostas finais. Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, produção que aumentou 12% no primeiro semestre deste ano para mais de 1,7 milhões de barris de crude por dia, segundo a Sonangol.

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