Credores dão nova hipótese de recuperação a hotel de luxo no Gerês

Aqua Falls tem mais de um milhão de euros de dívidas. Estado tinha chumbado PER no final do ano passado.

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Nova oportunidade de sobrevivência Paulo Pimenta

O hotel Aqua Falls, uma unidade de cinco estrelas às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), vai continuar aberto ao público, depois de a assembleia de credores da empresa ter dado luz verde à elaboração de um plano de recuperação. Apesar da existência de mais de um milhão de euros de dívidas a perto de uma centena de entidades, o empreendimento foi considerado viável. Esta é a segunda oportunidade de revitalização do equipamento, depois de o Estado ter chumbado a primeira tentativa no final do ano passado.

“Foi decidido manter o estabelecimento em funcionamento”, revelou ao PÚBLICO o administrador de insolvência do Aqua Falls, Fernando Silva e Sousa. A assembleia de credores realizada esta quarta-feira em Vieira do Minho aprovou, por larga maioria, a proposta apresentada por aquele responsável e que apontava no sentido daquela unidade hoteleira ser economicamente viável. Os credores autorizaram por isso a elaboração de um plano de recuperação da empresa, que terá que ser entregue no prazo máximo de dois meses.

Apesar das dificuldades financeiras que levaram à abertura deste processo de insolvência, o hotel nunca fechou portas. A proposta ontem aprovada permite manter a unidade em funcionamento, enquanto é definido o modo de viabilização futura da empresa. A lista de créditos que recaem sobre o Aqua Falls chega a 1,25 milhões de euros. No processo constam mais de 100 credores da empresa, entre bancos como o BES e o Crédito Agrícola, grandes empresas como a Efacec, outros grupos hoteleiros em Portugal e Espanha e pequenos negócios na região do Minho que nunca receberam os pagamentos pelos serviços prestados ao hotel. A petição original de insolvência da firma tinha sido feita em Julho de 2012 por um antigo gestor que tinha mais de três meses de salários em atraso e requeria o pagamento de 5162 euros.

A decisão tomada pela assembleia de credores do Aqua Falls é a segunda tentativa de recuperação do hotel de cinco estrelas que ocupa uma área de 30 mil metros quadrados junto à albufeira da Caniçada, nas margens do rio Cávado, junto ao único parque nacional do país. Uma primeira assembleia de credores, realizada no final do Verão do ano passado, tinha aprovado um Plano Especial de Recuperação (PER) para a empresa. A proposta acabou, no entanto, por nunca ser concretizada devido à intervenção do Estado. O Ministério Público recorreu da decisão devido à existência de uma dívida de 5368 euros à Autoridade Tributária e Aduaneira, mas cujo pagamento não era inteiramente assegurado pelo plano. O Tribunal da Relação de Guimarães acabou depois por reconhecer que a proposta que então era feita não propunha “garantias idóneas e suficientes” para o pagamento desse crédito à Fazenda Nacional, pelo que o processo voltou à estaca zero.

Face à decisão do Tribunal da Relação, a empresa optou por pedir a insolvência em Dezembro do ano passado. Na sequência dessa decisão, o administrador de insolvência procedeu à apreensão de dois equipamentos propriedade dos gestores do Aqua Falls, a J. Medeiro SGPS: um prédio rústico em Vieira do Minho, que está integrado no complexo em que funciona o hotel, e um outro prédio em Mindelo, Vila do Conde.

O hotel foi inaugurado há cinco anos e tem todas as comodidade que uma unidade de cinco estrelas, com piscina, court de ténis, campo de mini-golfe, restaurante, e um spa com os serviços habituais neste tipo de empreendimentos. As 22 suítes e 11 bungalows ao dispor dos clientes têm preços entre os 120 e 200 euros.

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