Crédito malparado de empresas e particulares sobe para novos máximos

Crédito em incumprimento ou em risco de não ser reembolsado representa 2,3% dos empréstimos à habitação. No crédito às empresas, este rácio chega aos 12,3%.

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Os empréstimos à habitação totalizavam 105.089 milhões de euros em Fevereiro Fernando Veludo/nFactos

O crédito malparado de empresas e particulares voltou a aumentar em Fevereiro, mês em que o crédito considerado como cobrança duvidosa pela banca atingiu novos máximos, segundo dados publicados nesta terça-feira pelo Banco de Portugal.

As estatísticas agora divulgadas permitem perceber qual é o peso do malparado (crédito vencido, crédito em incumprimento ou crédito em risco) no total dos empréstimos, depois de um longo período de estabilização deste indicador em relação aos empréstimos à habitação e de uma evolução irregular no caso das empresas.

Dos 127.188 milhões de euros de stock de empréstimos a particulares, 4,1% eram contabilizados como crédito malparado, o equivalente a 5191 milhões de euros. É o valor mais alto desde 1997, ano em que o banco central iniciou o registo destas estatísticas financeiras. Em Fevereiro do ano passado, a percentagem da cobrança duvidosa estava nos 3,9%, valor que se manteria assim até Junho, para depois voltar a crescer.

Se o stock dos empréstimos aos particulares diminuiu face a Janeiro, o contrário aconteceu com o malparado, que voltou a aumentar, registando-se um aumento bruto de 54 milhões de euros entre Janeiro e Fevereiro. A tendência em alta do malparado aconteceu tanto nos empréstimos ao consumo como nos destinados à habitação, com um aumento ligeiro nos dois segmentos.

No caso do crédito à habitação, que havia recuado pontualmente em Dezembro, este rácio subiu para um novo recorde, de 2,33%. Em 105.089 milhões de euros em empréstimos a particulares para este fim, 2446 milhões estavam classificados como crédito malparado. Um ano antes, este rácio estava já nos 2%, mantendo-se sempre acima desse patamar desde então.

No consumo, o malparado é historicamente mais elevado, o que indicia que, quando as famílias se vêem confrontadas com dificuldades em pagar os empréstimos contraídos junto da banca, dão prioridade ao reembolso dos créditos à habitação, deixando primeiro de pagar os créditos ao consumo. O universo dos empréstimos com este fim totalizava em Fevereiro 11.916 milhões de euros. Deste montante, 11,87% (o equivalente a 1414 milhões de euros) estavam classificados como créditos de cobrança duvidosa.

Também as empresas continuam sem conseguir pôr travão ao malparado, que representa cerca de 12% do total. Dos 98.620 milhões de euros concedidos às sociedades não-financeiras, 12.202 milhões faziam parte do pacote considerado como crédito vencido, crédito em incumprimento ou em risco de não ser pago. Também neste caso houve um novo recorde histórico, com o malparado a subir para 12,37%. Em Fevereiro do ano passado, este rácio estava em 10,32%.

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