Crédito malparado das famílias e empresas volta a aumentar

Há 17.909 milhões de euros de crédito vencido. É nas empresas que o incumprimento mais pesa no total dos empréstimos, abrangendo quase 15% dos créditos.

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O incumprimento no crédito à habitação representava em Janeiro 2,48% dos empréstimos Rui Gaudêncio

Há mais famílias e empresas sem conseguirem pagar a tempo os empréstimos. O crédito em incumprimento voltou a aumentar em Janeiro, com o malparado a chegar aos 8,57% dos empréstimos concedidos pelos bancos, mostram dados publicados nesta terça-feira pelo Banco de Portugal.

Dos 208.866 milhões de euros de empréstimos a particulares e a empresas, 17.909 milhões de euros são considerados créditos vencidos, que deveriam ter sido pagos pelos clientes, mas que não foram amortizados dentro do prazo.

De Dezembro para Janeiro, registou-se um aumento do montante absoluto do crédito vencido (em 282 milhões de euros), mas este não foi o único factor a contribuir para o agravamento do rácio do incumprimento. O total dos empréstimos também encolheu, diminuindo a base de crédito a partir da qual se calcula a percentagem de malparado.

O incumprimento é mais elevado nos empréstimos empresariais, onde o rácio do malparado abrange já perto de 15% de todo o crédito concedido. São 12.545 milhões de euros num total de 85.654 milhões de empréstimos, o correspondente a 14,65%. É o valor mais alto desde 1997, ano em que o banco central iniciou o registo destes dados.

O crédito vencido ultrapassou a barreira dos 10% há cerca de dois anos, em Fevereiro de 2013. E apesar de algumas oscilações mensais, a tendência dominante tem sido de agravamento do malparado. Em Outubro de 2013, o incumprimento abrangia já 12% do conjunto dos empréstimos; em Maio do ano seguinte eram mais de 13%; e em Outubro último era ultrapassada a percentagem de 14%.

Do lado dos particulares, o incumprimento abrange 4,35% dos empréstimos – 5364 milhões de euros em 123.212 milhões. Este indicador, que em 2013 chegou a ficar abaixo, mas muito próximo, dos 4%, manteve-se sempre acima desta linha no ano passado, voltando a agravar-se no início de 2015.

A diferença entre o incumprimento no crédito à habitação e no crédito ao consumo mantém-se. As estatísticas do Banco de Portugal mostram que, quando uma família se vê confrontada com dificuldades em pagar empréstimos, dá prioridade ao reembolso dos créditos à habitação, deixando de pagar os créditos ao consumo em primeiro lugar.

O malparado no consumo, historicamente mais elevado, representa 10,72% dos empréstimos. O valor manteve-se estável entre Novembro, Dezembro e Janeiro. No primeiro mês deste ano, dos 12 mil milhões concedidos pelas instituições financeiras, 1288 milhões eram crédito vencido. Em 2013 e em meados do ano passado, o malparado chegou a superar os 12%, entrando a partir daí numa trajectória descendente.

No caso dos empréstimos à habitação, onde o montante concedido ascende a 101.359 milhões de euros, 2,48% correspondem a situações de incumprimento, ou seja, 2512 milhões de euros. Depois de atingir um valor recorde em Novembro, de 2,54%, a percentagem caiu no último mês do ano passado, voltando a subir em Janeiro.

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