Consumo e exportações aceleram, mas investimento cai mais

As famílias estão a consumir mais e as exportações estão a acelerar acima das importações.

Foto
As exportações de bens e serviços cresceram 5,4% no terceiro trimestre em termos homólogos José Sarmento Matos

É sobretudo a aceleração das exportações e o facto de estarem a aumentar mais do que as importações que explica o ritmo de crescimento da economia portuguesa no terceiro trimestre: 1,6% em termos homólogos e de 0,8% em relação aos três meses anteriores. Mas não só. O contributo da procura interna para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) também aumentou à boleia de uma subida do consumo privado no país.

Os valores do crescimento já são conhecidos há 15 dias, mas ao publicar nesta quarta-feira as Contas Nacionais Trimestrais o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta de forma mais detalhada um conjunto de dados que ajudam a ler a evolução do PIB.

O crescimento “mais intenso do PIB reflectiu sobretudo o aumento do contributo da procura externa líquida”. Do crescimento homólogo de 1,6%, 0,7 pontos devem-se à procura externa, ou seja, as exportações menos as importações. No trimestre anterior, em que a economia crescera 0,9%, o seu peso era de apenas 0,1 pontos.

Já a procura interna (o consumo mais o investimento) representam 0,9 pontos do PIB no período de Julho a Setembro, quando nos três meses anteriores era de 0,8 pontos (numa variação de 0,9%).

As famílias (residentes em Portugal) estão a consumir mais, aumentando o “contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB”.

O consumo privado (o que é gasto em consumo final pelos cidadãos) subiu 1,9% de Julho a Setembro face ao mesmo período do ano passado, progredindo a um ritmo mais celerado do que nos três meses anteriores (0,3 pontos percentuais acima).

A aceleração, explica o INE, deve-se ao aumento das compras de bens não duradouros e serviços, que apresentou uma variação homóloga de 1,5% (1% no trimestre anterior). Embora o consumo de bens duradouros esteja a crescer muito mais, desacelerou em relação ao ritmo dos três meses anteriores, “passando de uma variação homóloga 7,9% no segundo trimestre para 6,2% reflectindo, em larga medida, a evolução da componente automóvel”.

O que continua negativo é o investimento, que encolheu 3,1% em termos homólogo, caindo mais do que nos três meses anteriores, em que se registou uma descida de 2,3% na comparação homóloga. No investimento, contabiliza-se a formação bruta de capital fixo mas também a chamada “variação de existências”, que corresponde à diferença entre as entradas e as saídas de matérias-primas, produtos em curso ou bens destinados a revenda, por exemplo.

O INE sublinha que este resultado foi “condicionado negativamente pelo desinvestimento na economia interna associado à exportação de equipamento militar” (F-16) para a Roménia no valor de 70 milhões de euros. Porque estatisticamente o equipamento é contabilizado como capital fixo, quando há uma venda ao estrangeiro – como aconteceu neste caso -, o seu valor conta como exportação (e traduz-se em desinvestimento nos números da formação bruta de capital fixo, da mesma forma que contaria como investimento – e importação – se fosse ao contrário). Em qualquer dos casos, vinca o INE, “o impacto no PIB é aproximadamente nulo no momento da transação”.

Quanto às exportações, que subiram 5,4% no terceiro trimestre face a igual período de 2015, quando nos três meses anteriores tinham subido apenas 1,8%, a aceleração “foi comum às componentes de bens e de serviços”. As importações também passaram a crescer mais, mas ainda assim continuam a avançar a um ritmo inferior às vendas de bens e de serviços (aumentaram 3,5% em termos homólogos, depois de um crescimento de 1,4% no segundo trimestre).

Sugerir correcção
Ler 1 comentários