BPI reembolsa Estado em mais 500 milhões de euros

Lucro consolidado do banco caiu 73,2% em 2013, para 66,8 milhões de euros, com a actividade doméstica a registar prejuízo.

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Só este ano o banco liderado por Fernando Ulrich pagou 920 milhões de euros Foto: Ricardo Brito

O presidente do Banco Português de Investimento (BPI), Fernando Ulrich, admitiu, sem dar garantias, poder vir a antecipar o pagamento integral do financiamento [1,5 mil milhões de euros] que recebeu do Estado, no quadro da sua recapitalização. As declarações do banqueiro foram realizadas esta quinta-feira durante a divulgação das contas de 2013, exercício em que o BPI revelou lucros consolidados a caírem 73,2%, para 66,8 milhões.

 O “desejo” do BPI é liquidar o empréstimo público que recebeu em Julho de 2012 antes do final de Dezembro de 2015, quando termina o prazo negociado com o Estado, e “preferencialmente” ainda 2014, o que se “irá reflectir na melhoria da credibilidade” do banco, admitiu Fernando Ulrich. O banqueiro esclareceu, em todo o caso, não possuir, neste momento, “condições para se comprometer” com esse objectivo.

Fernando Ulrich explicou que solicitou, em Outubro, ao Banco de Portugal para devolver 588 milhões de euros do empréstimo de instrumentos de capital contingente (CoCos), mas o supervisor “prefere que o BPI fique com alguma folga”, com um rácio de capital de 11,2% [16,5%, segundo os critérios do Banco de Portugal], que lhe permita manter o rácio acima da referência mínima recomendada pela EBA [um rácio de capital de 7%]. Por esta razão, o BPI propõe-se devolver ao Estado, até Março, apenas 500 milhões de euros. Nessa altura, o empréstimo público baixará para 420 milhões.

Assim que terminar o programa de recapitalização com apoio público o BPI deixará de ficar sujeito às limitações impostas pela Direcção Geral de Concorrência Europeia (DGCOMP), mas antes terá de promover a saída de 274 trabalhadores. Ulrich garantiu que o objectivo não será cumprido à custa de despedimentos colectivos. “Temos já previsto um custo com reformas antecipadas que equivale à saída de 90 colaboradores”, adiantou. “Queremos antecipar o programa” de redução do quadro de pessoal e, também, nesta matéria a intenção “é andar depressa”. Para além do pagamento do empréstimo estatal, da diminuição do número de trabalhadores, a DGCOMP exigiu ao BPI a venda de activos e o encerramento de 50 balcões, duas metas já concluídas.

A administração do BPI vai apresentar na próxima assembleia-geral, agendada para 23 de Abril, uma proposta de aumento de capital social a realizar pela entrada de espécies no quadro de uma oferta pública de troca voluntária dirigida aos titulares de valores mobiliários. Em causa estão um total de 113.949.649 acções (representando 7,6% do capital). Se a operação for totalmente concretizada terá um impacto positivo nos capitais próprios de 123 milhões de euros. Ulrich admitiu, todavia, que a taxa de aceitação poderá ficar nos 75% (impacto positivo de 92 milhões).

Os custos relacionados com o pagamento de juros associados à operação CoCos justificaram, segundo o BPI, os resultados negativos (28,3 milhões) da actividade doméstica em 2013, ano em que o banco apresentou um lucro consolidado de 66,8 milhões de euros, menos 73,2% do que em 2012 ( 249,1 milhões positivos). Na actividade internacional o BPI obteve um lucro de 95,2 milhões de euros.
 

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