BCP com prejuízo recorde de 1200 milhões de euros

Banco é excepção entre os maiores privados portugueses. Em dois anos, soma um prejuízo superior a 2000 milhões de euros.

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PÚBLICO

O Banco Comercial Português (BCP) apresentou um prejuízo histórico de 1219 milhões de euros em 2012, resultado que a instituição explica com imparidades (registo de perdas) e a unidade do grupo na Grécia, cuja venda o banco está negociar com o Piraeus.

O banco presidido por Nuno Amado acumula prejuízos pelo segundo ano consecutivo: em dois anos, perdeu mais de 2000 milhões de euros, dos quais 848,6 milhões em 2011.

O resultado anual do maior banco privado de raiz nacional, divulgado nesta sexta-feira, contrasta com lucros apurados pelos outros dois maiores bancos privados portugueses, o BES e o BPI, que juntos somam lucros de 345,2 milhões de euros (96,1 milhões do banco presidido por Ricardo Salgado e 249,1 milhões de euros pela instituição liderada por Fernando Ulrich).

Com a operação do grupo na Grécia, o BCP assumiu nas suas contas um resultado negativo de 693,6 milhões de euros no ano passado. O banco quer vender o Millennium Bank, que se tem revelado uma dor de cabeça para o grupo português, e já iniciou negociações com o banco grego Piraeus.

Nenhuma decisão sobre a venda está ainda tomada, avisa o BCP no comunicado onde explica as contas anuais. Mas é no contexto das perdas assumidas com o Millennium Bank que o banco faz questão de sublinhar que, se fosse excluída a operação grega, o resultado negativo baixaria para 525,4 milhões de euros.

Na Polónia, em Moçambique e em Angola, o grupo teve um resultado positivo, de 236 milhões de euros.

A margem financeira baixou para 1023,6 milhões de euros, reflectindo em parte “os impactos relacionados com a emissão de instrumentos híbridos subscritos pelo Estado português” no quadro do recurso à linha de recapitalização da troika.

O capital do BCP sai reforçado, cumprindo os requisitos exigidos pelas autoridades europeias. O banco recorreu à linha de capitalização da troika para o sector financeiro e terminou 2012 com o rácio core tier 1 de 12,4%, de acordo com o critério do Banco de Portugal, e de 9,8% segundo as regras da Autoridade Bancária Europeia.

O resultado de 2012 reflecte também o registo de “imparidades e provisões na actividade em Portugal” num montante de 1236 milhões de euros. E nas contas é preciso ainda ter em referência custos com pessoal “relacionados com o programa de reestruturação e reformas antecipadas de 69,4 milhões de euros”. O banco terminou o ano com menos 970 trabalhadores, dos quais mais de 600 saíram através de rescisões amigáveis.

Os custos com pessoal baixaram para 815,4 milhões de euros (caíram na actividade em Portugal, mas aumentaram no estrangeiro), os gastos administrativos diminuíram para 565,2 milhões.

Notícia corrigida às 18h51
Rectificado o total de prejuízos do BCP em 2011 e 2012 (2000 milhões em vez de dois milhões).
 
 
 
 
 
 
 

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