BCE garante ter mais armas para intervir se risco de deflação aumentar

Draghi garante taxas nos actuais níveis, ou mais baixas, por um longo período de tempo.

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Mario Draghi, hoje, na conferência de imprensa que se seguiu à sessão no Bundestag Foto: Johannes Eisele / AFP

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi assegurou esta quinta -feira que não vê riscos de deflação na zona euro, mas admitiu que a instituição está pronta a tomar mais medidas se esse risco aumentar.

Apesar de descartar o risco de deflação como aconteceu no Japão, Draghi reconheceu que é preciso “estar atento”.

Sem anunciar qualquer medida, o presidente do BCE admitiu, na conferência de imprensa que se seguiu à primeira reunião do Conselho de Governadores do ano — onde foi decidida a manutenção das taxas de referência —, que o Banco Central Europeu tem mais armas para intervir se a evolução da inflação piorar.

E especificou que essas armas serão usadas “se se intensificarem as tensões nos mercados monetários e se crescer o risco de deflação”.

Na reunião de governadores foi decidida a continuação da actual política monetária para o futuro e que passa pela manutenção das taxas de juro “nos níveis actuais ou mais baixos por um longo período prolongado de tempo”.

O BCE decidiu nesta quinta-feira manter a taxa directora em 0,25%, o nível mais baixo de sempre. O Conselho de Governadores decidiu ainda manter em 0,75% a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez, através da qual empresta dinheiro aos bancos a um dia.

A facilidade permanente de depósito, que permite aos bancos fazer depósitos de muito curto prazo na instituição, manteve-se em 0%.

Depois de desvalorizar a queda de preços na zona euro em Dezembro passado, para 0,8% (contra 0,9% em Novembro), afirmando que esse movimento é fortemente explicado por alterações contabilísticas na Alemanha, Draghi avisou que se espera “um período prolongado de inflação reduzida, seguido por um movimento de alta, mas gradual, dos preços, para se aproximarem de 2%”.

Avaliando os últimos dados macroeconómicos, o presidente do BCE admitiu “uma recuperação das economias” mas “a um ritmo lento”, salvaguardando que “seria prematuro declarar qualquer vitória” sobre o fim da crise, como tem sido feito por alguns líderes europeus.  

“Eu seria muito cauteloso”, afirmou Mario Draghi, sublinhando que há riscos que podem prejudicar a recuperação da economia europeia.

Destacou como um factor positivo a redução das taxas de juros (na dívida soberana) mas identificou outros, como a elevada taxa de desemprego, que tem vindo a estabilizar, mas que continua extremamente elevada.

Numa conferência de imprensa que ficou marcada pela ausência de qualquer nova medida, ou de identificação das armas que possam vir a ser usadas no futuro próximo, Mario Draghi avançou apenas que foram discutidos “todos os instrumentos possíveis”, onde se inclui a redução de taxas de juros.

O presidente do BCE deixou a mensagem de que é preciso continuar a concretizar as reformas estruturais, designadamente do sistema financeiro.

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