Bancos e companhias de aviação protagonizam maiores quedas nas bolsas

Índices norte-americanos arrancam com perdas acima de 1%. Mercados europeus em forte descida.

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Acções da Easyjet desceram mais de 20% na bolsa de Londres FABRICE COFFRINI/AFP

Os mercados accionistas europeus encerraram esta quarta-feira em forte queda, com as perdas mais expressivas a ocorrer nos sector financeiro, de aviação e turismo, a reflectir a incerteza sobre o impacto económico do “Brexit”.

Depois de um arranque em ligeira subida, a beneficiar das declarações do ministro das Finanças britânico, George Osborne (que garantiu que o Reino Unido está numa "posição forte" para enfrentar os desafios que implicam o "Brexit"), os mercados europeus regressaram às quedas, embora longe da derrocada de sexta-feira.

A possibilidade da economia do Reino Unido entrar em recessão, a situação frágil do sector bancário em vários países da zona Euro, e a chegada dos primeiros profit warnings, ou revisões em baixa de perspectivas de resultados, estão a consolidar a tendência de queda.

A bolsa de Londres, que não foi das que mais perdeu na última sexta-feira, encerrou a perder 2,67%, ainda assim abaixo das perdas de perto de 4% dos principais índices das praças de Milão e da Bélgica. O CAC de Paris perdeu 2,97%% e o DAX alemão 3,02%.

Lisboa e Madrid caíram 2,34% e 1,83% respectivamente. A praça espanhola começou a sessão a ganhar mais de 3%, a reflectir algum alívio face aos resultados eleitorais que, afinal, não garantem uma solução política estável, o que justificou a inversão para terreno negativo.

Os mercados norte-americanos também seguem a negociar em terreno negativo, com os três maiores índices, o Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq a registar perdas superiores a 1%.

Numa altura em que uma em cinco empresas britânicas admite deslocalizar parte da sua produção, começam a aparecer os primeiros profit warning. As “hostilidades” foram abertas pelas companhias de aviação e de turismo, como a companhia de aviação low cost Easyjet, que admite uma queda nas vendas de 5% na segunda metade do ano, o que gerou uma desvalorização de mais de 20% nas suas acções na bolsa de Londres. Também o operador alemão TUI já admitiu um impacto negativo do referendo no turismo.

A banca continua a espelhar o sentimento de incerteza, com o Barclays a perder mais de 17% na praça londrina e o alemão Deutsche Bank recua perto de 8%, renovando novo mínimo histórico. Em Lisboa, o BCP desvalorizou perto de 3%, “empurrado” por uma revisão em baixa da avaliação do título por parte do JP Morgan.

A insegurança dos investidores também se vê pela estratégia de refúgio, e nessa vertente as apostas vão para as acções das utilities. Esta opção não é, contudo, válida na bolsa de Lisboa onde a família EDP segue no “vermelho”. 

A beneficiar do estatuto de refúgio está ainda a dívida alemã, com as bunds alemãs a acentuar o valor negativo. A taxa de juro implícita da dívida portuguesa seguia em queda a cinco e 10 anos e a subir a dois anos.

O ouro mantém a tradição de subida quando há maior risco, consolidando os 1300 dólares a onça.

No mercado cambial, a libra continua em rota descendente, atingindo mínimos de 1985, a valer 1,34 dólares e o euro subiu face à libra de desceu face ao dólar.

Os preços do petróleo até começaram a subir, mas acabaram por não resistir ao agravamento das perspectivas para o crescimento da economia mundial. O barril de petróleo Brent segue a perder 2,53%, para 47,80 dólares e o crude recua 1,23%, para 46,39 dólares.

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