Banco de Inglaterra diz que apenas subirá taxas quando o desemprego cair para 7%

Banco de Inglaterra estreou um novo modelo de comunicação da sua política, com as taxas a depender do desemprego.

Foto
Banco de Inglaterra já injectou 325 mil milhões até agora John D McHugh/AFP

Depois de Bernanke e Draghi, agora foi a vez de Mark Carney, o governador do Banco de Inglaterra, deixar a sua promessa de que ainda falta muito tempo para começar a subir as taxas de juro.

O economista canadiano, responsável há pouco mais de um mês pela condução da política monetária britânica, deu essa garantia, afirmando, nesta quarta-feira, que a taxa de desemprego tem de baixar dos actuais 7,8% para 7% ou menos para que o Banco de Inglaterra comece a pensar em subir as taxas de juro, actualmente num mínimo histórico de 0,5%.

De acordo com as projecções do banco, uma redução da taxa de desemprego dessa magnitude apenas deverá acontecer dentro de três anos. O Banco de Inglaterra tenta assim dar confiança às pessoas de que não terão de suportar tão cedo uma subida de taxas e que tal apenas acontecerá quando a situação da economia já tiver efectivamente melhorado.

A Reserva Federal norte-americana já tinha, no passado mês de Dezembro, realizado uma promessa semelhante. Ben Bernanke condicionou a possibilidade de uma subida de taxas de juro à queda da taxa de desemprego para os 6,5%.

Na zona euro, a garantia de taxas de juro baixas por muito tempo dada por Mario Draghi não é feita com base em qualquer indicador específico. Mario Draghi diz apenas que a garantia permanece válida enquanto o banco afirmar explicitamente que não vê qualquer ameaça de subida das expectativas de inflação a médio prazo.

Ainda assim, no caso do Banco de Inglaterra, eram hoje colocadas muitas dúvidas sobre a força do compromisso deixado por Mark Carney. Os mercados, aliás, tiveram uma reacção que mostra um renovado receio de que o Banco de Inglaterra possa subir taxas mais cedo do que o esperado.

Por um lado, as previsões para a evolução da taxa de desemprego são muito variadas e há quem aposte que a barreira dos 7% será atingida em menos do que os três anos agora estimados pelo banco central.

Por outro lado, Mark Carney deixou uma condicionante ao cumprimento da promessa de taxas baixas. A meta para o desemprego pode ser abandonada se a análise a realizar pelo banco mostrar que o crescimento do PIB está a provocar uma subida da inflação e que esta poderá chegar aos 2,5% no prazo de dois anos. Os analistas temem que este seja um cenário provável que provocará uma antecipação, face ao que hoje foi dito, dos planos de redução dos estímulos à economia por parte do Banco de Inglaterra.

Sugerir correcção
Comentar