Grécia pagou ao FMI com fundo de emergência do FMI

País evitou incumprimento, mas este último recurso mostra como os cofres de Atenas estão vazios.

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Yanis Varoufakis, ministro das Finanças grego, disse que "a questão da liquidez era terrivelmente urgente" para a Grécia REUTERS/François Lenoir

A Grécia usou um fundo de emergência do Fundo Monetário Internacional (FMI) para pagar 750 milhões de euros ao próprio FMI, disse um responsável do banco central grego. O país evitou assim entrar em incumprimento, mas a acção sublinha o estado precário das finanças do país.

Com Atenas a ficar sem dinheiro e na falta de um acordo com os credores, tinha havido dúvidas sobre se o Governo de esquerda optaria por pagar ao FMI ou guardar essa verba para pagar os salários e pensões este mês.

Os países membros do FMI têm obrigação de manter uma conta que possa ser usada para emergências mas essa verba só pode ser utilizada com autorização do credor, disse o responsável do banco central grego.

Um responsável do Governo disse à Reuters que Atenas usou cerca de 650 milhões de euros da conta do FMI e 100 milhões das suas reservas para fazer o pagamento na segunda-feira. O responsável do Banco Central confirmou que a conta tinha sido usada depois de responsáveis do Governo se encontrarem com o responsável do banco central na semana passada para discutir como seria feito o pagamento. “O lado negativo é que essa conta foi esvaziada, mas com o objectivo de evitar um incumprimento era necessário pesar as opções”, declarou o responsável do Banco da Grécia.

Feito um dia antes do final do prazo, o pagamento acalmou medos de uma incumprimento imediato, mas o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, disse na segunda-feira que a situação de liquidez era “terrivelmente urgente” e que era necessário chegar a um acordo para libertar mais fundos nas próximas duas semanas. O FMI confirmou esta terça-feira que Atenas fez o pagamento mas não quis dizer como. “Relativamente a aspectos do pagamento de que alguns de vocês pediram confirmação, não publicamos informação sobre detalhes de transacções dos membros com o fundo”; disse uma porta-voz, respondendo a perguntas dos jornalistas.

O chefe do Banco da Grécia, Yannis Stournaras, encontrou-se com o vice-primeiro-ministro Yannis Dragasakis e o vice-ministro das Finanças, Euclid Tsakalotos, que lidera a equipa de negociações com os credores, duas vezes na semana passada, disse o responsável do banco central. “O governador do banco central adiantou a ideia de tirar os 650 milhões de euros da conta de reserva, o que necessitava da aprovação do FMI”, disse. “O governador Stournaras fez o acordo com o FMI e no sábado tivemos a autorização deles e a conta foi desbloqueada”, contou.

A conta para emergência, que está no Banco da Grécia, existe há 30 anos e tem como objectivo servir em caso de emergência.

Um segundo responsável grego disse que a reserva que o Governo foi buscar tem de ser reposta dentro de “várias semanas”. Após mudanças legislativas, a Grécia conseguiu juntar 600 milhões de euros de verbas de autoridades locais e outras entidades públicas para ajudar a lidar com a falta de liquidez, disse um porta-voz do Governo na terça-feira.

Os ministros das Finanças da zona euro disseram esta segunda-feira que era necessário mais trabalho ainda para chegar a um acordo entre Atenas e o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu para o desbloqueamento da última tranche do empréstimo das três instituições.

Criado em 1945, o FMI presta contas aos 188 países membros da organização quase global. Cada membro tem uma quota, com base no seu peso relativo na economia mundial, que determina a sua contribuição para os recursos financeiros do fundo.

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