Agricultores franceses bloqueiam camiões espanhóis

Produtores acusam Espanha de dumping e impedem entrada de camiões em França.

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Agricultores franceses queixam-se dos baixos preços praticados nas lojas Nuno Oliveira

Cerca de 200 agricultores franceses bloquearam, nesta quarta-feira, o posto fronteiriço de Boulou com a Espanha em protesto contra o "dumping económico" alegadamente praticado pelos espanhóis, constatou um fotojornalista da agência francesa AFP.

"Exigimos que França faça queixa contra Espanha por dumping [venda de produtos por preços abaixo dos cobrados no país de produção]", disse à AFP o presidente da federação de sindicatos de agricultores de Perpignan, Yvan Haris.O sindicato está a participar no bloqueio organizado, que está a impedir a entrada de camiões espanhóis em França através da auto-estrada 9.

"Quando um quilo de peixe custa 1,10 euros em Madrid e 0,5 euros em França, é dumping económico", sublinhou o sindicalista no local, onde se encontram vários jovens agricultores. "O custo do trabalho é muito inferior lá", acrescentou, referindo que, além do dumping económico, também se está a praticar "dumping social e ambiental, já que as regras do respeito pelo ambiente, impostas a França, são mais rígidas do que em Espanha".

O protesto decorre sob vigilância de cerca de duas dezenas de polícias e guardas fronteiriços que tentam perceber quem são os camionistas espanhóis, até porque os manifestantes deixam passar os autocarros de turismo, oferecendo pêssegos e tomates-cereja acompanhados de panfletos onde explicam a iniciativa. Cerca de uma dezena de camiões espanhóis estão parados na fronteira desde as nove da manhã, hora a que começou o protesto.

"As administrações e os políticos devem perceber os nossos problemas", afirmou Yvan Haris, sublinhando que a manifestação não é dirigida aos espanhóis, tendo sim por objectivo alertar as autoridades francesas e Bruxelas antes que o Natal se aproxime.

"Os únicos que não ganham dinheiro aqui são os produtores franceses", disse, assegurando, no entanto, que os manifestantes ali presentes "não são arruaceiros, são pais de família".

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