GM cria fundo para indemnizar famílias das vítimas de acidentes com carros defeituosos

Relatório sobre as falhas nos sistemas de ignição iliba a administração e a alta direcção da General Motors

Foto
A companhia já recolheu 2,6 milhões de veículos

A General Motors (GM) vai criar um fundo para indemnizar os familiares das vítimas de acidentes mortais (que se crê terem sido, pelo menos, 13) com veículos que tinham sistemas de ignição com defeito, um problema que já levou à recolha de 2,6 milhões de veículos..

O anúncio foi feito esta quinta-feira pela presidente executiva (CEO) da companhia, Mary Barra, numa conferência de imprensa onde deu conta das conclusões de uma investigação interna para apurar níveis de responsabilidade neste caso. E onde transmitiu condolências aos familiares das vítimas. “Não tenho palavras que possam ajudar a afastar a vossa dor e a vossa tristeza”.

A gestora afirmou que houve “negligência” e “incompetência” no caso dos sistemas de ignição, que já custou à empresa uma multa de 35 milhões de dólares (o máximo permitido para casos como este), aplicada pelo supervisor do sector dos transportes.

Num caso que tem manchado a reputação da construtora automóvel do Michigan, as conclusões do relatório ilibam de responsabilidades o conselho de administração e a alta direcção da empresa, considerando que não tinham conhecimento do problema até Dezembro de 2013, quando o caso foi assumido. O mesmo é dito em relação ao anterior CEO, Dan Ackerson. O relatório assume também que não existem provas de concertação interna para encobrir o problema no sistema de ignição dos veículos.

Mas ontem, na conferência de imprensa a que assistiram 1000 trabalhadores do centro técnico de Warren, Barra revelou que 15 trabalhadores foram despedidos por terem “actuado de forma inapropriada”. A gestora não desvendou o nome dos funcionários, que acusou de terem falhado na “divulgação de informação crítica” relacionada com os problemas nos sistemas de ignição. E acrescentou que na investigação ficou claro que não foram razões financeiras que estiveram por detrás das falhas no controlo de qualidade e segurança.

Ainda antes da divulgação das conclusões da investigação, a General Motors foi começando a arrumar a casa, com a demissão do engenheiro responsável pela concepção do sistema de ignição, Raymond DeGiorgio. E avançou com a divisão da unidade de engenharia, de forma a garantir padrões mais elevados de controlo de qualidade e de segurança nos veículos que constrói.

No caso do sistema de ignição, o problema tinha a ver com o facto de as peças defeituosas desligarem-se sem a interferência do condutor, inabilitando o funcionamento de sistemas fundamentais como os travões, o airbag e o próprio motor. Há 13 mortes alegadamente decorrentes deste problema, embora, esta semana, a agência Reuters tenha dado conta de que esse número pode subir para 74, segundo dados que constarão das investigações ainda em curso por parte das autoridades federais.

 A investigação foi conduzida por Michael Millikin, conselheiro geral da General Motors, e por um antigo magistrado norte-americano, Anton Valukas, que as agências internacionais consideram de grande competência a idoneidade. Valukas investigou a falência do Lehman Brothers, e revelou que o banco estava tecnicamente falido algumas semanas antes de ir publicamente à praça. Millikin, afirmava ontem a agência Reuters, deverá manter-se no posto que desempenha actualmente e que tem a ver com a supervisão geral do funcionamento da companhia.

O relatório que foi ontem divulgado não encerra este caso que tem afectado negativamente a imagem da construtora, cuja importância costumava ser ilustrada com a frase “O que é bom para a General Motors é bom para a América”. A empresa continua sob investigação externa, com investigações do Congresso norte-americano, de departamento judiciais e das autoridades de supervisões dos mercados automóvel e financeiro. No centro legislativo, surgiu uma iniciativa que visa, aliás, aumentar o valor das multas para casos como este.

Notícia actualizada às 17h20
 

   





Sugerir correcção
Comentar