Direcção da Air France sai escoltada de reunião sobre despedimentos

Companhia anunciou um plano de redução de 2900 postos de trabalho. Trabalhadores invadiram as instalações, pediram a demissão da direcção e arrancaram a roupa a dois executivos.

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Os manifestantes forçaram entrada nas instalações. AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
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Manifestantes invadiram a sala onde decorria reunião. AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
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O vice-presidente, Pierre Plissonnier, acabou por ser confrontado pelos trabalhadores. AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
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O vice-presidente da companhia francesa ficou com a roupa rasgada no meio do tumulto AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
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O executivo teve que saltar uma vedação. AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
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O director de recursos humanos, Xavier Broseta, também foi alvo da ira dos trabalhadores da Air France. REUTERS/Jacky Naegelen
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Tal como Plissonnier, Broseta foi escoltado até à vedação. AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
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A companhia já veio a público dizer que ia apresentar queixa. AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD

Na sequência do falhanço das negociações com os sindicatos para o prolongamento das horas de voo, a Air France anunciou nesta segunda-feira um plano de redução de 2900 postos de trabalho nos próximos dois anos.

A Agence France Press dá conta que a meio da reunião da administração da empresa com os parceiros sociais no aeroporto Charles de Gaulle, perto de Paris, num ambiente em que já quatro sindicatos tinham anunciado a convocação de uma greve, vários manifestantes interromperam os trabalhos e cercaram os administradores. Algumas centenas de trabalhadores juntaram-se à entrada das instalações para protestar contra as medidas anunciadas. 

Com palavras de ordem a exigir a demissão da direcção, os trabalhadores chegaram as rasgar a roupa ao director de recursos humanos, Xavier Broseta, e ao vice-presidente da Air France, Pierre Plissonnier, que tiveram mesmo que ser retirados sob escolta das instalações.

Também presente na reunião, o presidente executivo da companhia aérea, Frédéric Gagey, saiu apressadamente e escapou à ira dos manifestantes. A direcção já anunciou a intenção de apresentar queixa.

De acordo com a mesma agência, em causa está o corte de 300 pilotos, 900 hospedeiras e comissários de bordo e 1700 elementos do pessoal de terra. A redução não se fica pelos trabalhadores, com a companhia a prever desfazer-se de 14 aeronaves também e eliminar cinco rotas até 2017.

Os trabalhadores pediram a demissão da administração liderada por Alexandre de Juniac, que já veio afirmar que a empresa quer “privilegiar as saídas voluntárias”, sendo que apenas “em último recurso” haverá despedimentos, situação inédita na história da transportadora aérea francesa. Na Air France nunca se registou uma situação de despedimentos colectivo, mas sim rescisões por mútuo acordo.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls veio a público condenar o comportamento dos trabalhadores da Air France, dizendo-se “escandalizado” com a “violência” e manifestou “todo o apoio” à direcção da companhia. O Estado gaulês aumentou recentemente a participação que no grupo que detém a Air France e a KLM para 17,6%.

Os três maiores grupos sindicais do país condenaram igualmente a violência exercida, refere o Les Echos, classificando-as como “indignas e inadmissíveis” mas ressalvam que compreendem o “desespero” dos trabalhadores.

No processo negocial que precedeu esta reunião, o grupo Air France KLM propôs aos trabalhadores o aumento das horas de voo anuais sem qualquer compensação salarial e à redução das folgas, refere o Libération. Este cenário foi rejeitado por todos os sindicatos, apesar dos apelos do governo socialista à “responsabilidade” e a um “esforço dos pilotos”.

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