Acções da Mota-Engil caíram 8%, mas ainda fecharam acima do valor da oferta particular

Venda de 16,2% do capital feita com um desconto de 10% face à cotação de terça-feira.

Foto
Depois de várias aquisições, Mota-Engil está a reequacionar as áreas de aposta. Dário Cruz

As acções da Mota-Engil fecharam esta quarta-feira a cair 8,3%, para 4,74 euros, uma correcção esperada após o anúncio da oferta privada de 16,2% do capital da construtora, realizado a 4,65 euros.

O valor da oferta particular corresponde a um desconto de 10% face ao valor de fecho anterior ao anúncio da operação (5,1 euros), o que explica a correcção verificada. Apesar da queda, num dia em que o PSI 20 também encerrou a perder mais de 1%, os título da construtora encerraram a 4,74 euros, mesmo assim acima do valor de venda a investidores institucionais.

A cotação das acções chegou a estar suspensa entre as 8h e as 10h, a aguardar informação complementar da empresa relativa à oferta particular, composta por 34,3 milhões de acções, das quais 5,4% são acções próprias e 11,3% acções detidas por accionistas que detêm o controlo accionista da construtora.

A cotação foi retomada após o comunicado enviado à Comissão do Marcado de Valores Mobiliários (CMVM), a informar que a conclusão do processo de venda, designado tecnicamente de accelerated bookbuilding, de todas as 34,3 milhões de acções, ao preço de 4,65 euros por acção.

A venda, que continua a garantir à família Mota um controlo confortável, acima de 51%, foi justificada pela empresa como uma operação que visou reforçar a base accionista e o free float da empresa em bolsa. A construtora justificou ainda a operação com o reforço da estrutura de balanço, numa altura em que o grupo enfrenta “desafios de crescimento e criação de valor, fruto da sua presença em geografias com grande potencial de expansão”,

A operação, que gerou um encaixe de 195,5 milhões de euros, dos quais 108 milhões para a família Mota e os restantes 51 milhões para a construtora, gera várias leituras no mercado.

“Depois do investimento realizado pelos accionistas e pela própria empresa durante a violenta queda dos mercados, é natural que os accionistas vendam essas acções” explicou ao PÚBLICO um operador. Recorde-se que, depois das fortes desvalorizações, os títulos da construtora valorizaram 176% em 2013, passando de 1,5 euros para 4,65 euros.

Em face desta valorização, adianta o operador, "é natural que empresa e accionistas possam vender, aproveitando para encaixar uma boa mais-valia, libertando capital para outras operações, designadamente para a operação Mota-Engil África, ou mesmo para amortizar empréstimos, se for caso disso".

Tentando antecipar uma leitura menos positiva da operação, o comunicado da empresa destaca que, "como também é do conhecimento público, a Mota-Engil mantém o mesmo grupo accionista de referência e controlo desde a sua fundação em 1946”.

Acrescenta que, “desde então, e durante todo o trajecto de desenvolvimento e crescimento do grupo, nas suas várias etapas e ao longo das últimas décadas, demonstrou de forma evidente o seu compromisso e cabal empenho para com o grupo” e que, ao associar-se a esta transacção, o accionista de referência demonstra uma vez mais o seu compromisso com a Mota-Engil, no presente e para o futuro", acrescentou o comunicado.

Tentando antecipar uma leitura menos positiva da operação, o comunicado da Mota-Engil destaca que, "como é do conhecimento público, a Mota-Engil mantém o mesmo grupo accionista de referência e controlo desde a sua fundação em 1946”.

Acrescenta que, “desde então e durante todo o trajecto de desenvolvimento e crescimento do grupo, nas suas várias etapas e ao longo das últimas décadas, demonstrou de forma evidente o seu compromisso e cabal empenho para com o grupo” e que, ao associar-se a esta transacção, o accionista de referência demonstra uma vez mais o seu compromisso com a Mota-Engil, no presente e para o futuro", acrescentou o comunicado.

A Mota-Engil, que é a maior construtora nacional, com uma carteira de encomendas acima dos quatro mil milhões de euros, tem em preparação a dispersão numa bolsa europeia de parte do capital da Mota-Engil África.

Sugerir correcção
Comentar