A dúvida

O novo Governo tem também na agenda de urgências a prioridade aos bancos. A situação é frágil e os riscos evidentes. Na primeira linha de preocupação estão dois bancos. Um necessita de 1.400 milhões de euros para cumprir rácios de capital; o outro não pagou a segunda tranche do apoio estatal recebido em 2012, viu rejeitado por Bruxelas o plano de viabilização e pode ser instado à devolução das verbas recebidas. Ficará em maus lençóis. Conversar com Frankfurt e Bruxelas está na ordem do dia. Novos timings, formas de recapitalização, eventuais excecionalidades são imprescindíveis. Por agora, com financiamento assegurado por clientes (60%) e linhas de crédito quase ilimitadas do BCE, com liquidez e solvabilidade razoáveis, o sistema bancário ganhou rendibilidade mas falta-lhe robustez. Detido em mais de 40% pelo Estado, em resultado dos 11.150 milhões de euros de empréstimos ou recapitalização (2011-2014), o setor financeiro apresenta vulnerabilidades a médio prazo. Se as perspetivas macroeconómicas se degradarem, ou persistirem débeis, pode aumentar o crédito mal parado, bem como as imparidades; se os juros subirem, as carteiras de dívida pública desvalorizam e aumentam os custos de financiamento, provavelmente mitigados pela criação da União Bancária. Na verdade elementar da política económica, com certeza que a estabilidade financeira é fulcral, mas só agora é que o Presidente reparou? Quando o risco é sistémico, que esclarecimento político poderia ser dado ao que não foi antes exigido?

Economista

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