Cinema Ideal abre ao público a 28 de Agosto e estreia filme de Joaquim Pinto

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O Cinema Ideal, um dos 500 aderentes à Festa do Cinema, irá exibir três filmes de Paulo Rocha, dois deles, os emblemáticos Verdes Anos e Mudar de Vida em versão digital restaurada Miguel Manso
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A sala de cinema Miguel Manso

O Cinema Ideal, em Lisboa, vai reabrir a 28 de Agosto com a estreia em sala do premiado filme de Joaquim Pinto E agora? Lembra-me, foi segunda-feira anunciado pelos responsáveis do projecto, a Midas Filmes e a Casa da Imprensa.

A recuperação do cinema mais antigo da capital, que já foi Salão Ideal, depois Cinema Ideal, Cine Camões e Paraíso, foi anunciada em Dezembro do ano passado pelos promotores e o edifício tem estado em remodelação.

Contactado pela agência Lusa, Pedro Borges, da produtora e exibidora Midas Filmes, indicou que o Cinema Ideal abrirá nesse dia também com a reposição do filme de John Ford A Desaparecida (1956).

Está igualmente prevista a estreia, a 11 de Setembro – mês em que o Cinema Ideal cumpre 110 anos – do filme Os Maias, de João Botelho, na versão longa, que segundo Pedro Borges será um exclusivo do Cinema Ideal.

Numa parceria com a Cinemateca, herdeira dos filmes de Paulo Rocha (1935-2012), o novo espaço cultural irá também exibir a última longa-metragem deixada pelo realizador, intitulada Se eu fosse Ladrão, roubava.

No âmbito desse trabalho com a Cinemateca, também serão exibidas cópias restauradas de dois filmes de Paulo Rocha dos anos 1960: Os Verdes Anos e Mudar de Vida.

O projecto de recuperação, do arquitecto José Neves (Prémio Secil de Arquitectura 2012), custou cerca de 500 mil euros, incluindo equipamento.

"O nosso objectivo é mostrar sobretudo cinema português, nomeadamente documentários, e também filmes estrangeiros clássicos", disse Pedro Borges à Lusa.

Na opinião do produtor, "o país precisa de espaços para mostrar cinema português em condições", e daí a aposta neste projecto, que diz ir "contra a catástrofe a que se está a assistir de desaparecimento dos cinemas de bairro, mas também em alguns centros comerciais".

"A reabertura do Cinema Ideal é uma tomada de posição contra isto", sublinhou o responsável, que lidera o projecto em parceria com a Casa da Imprensa, proprietária do edifício, que o libertou dos antigos inquilinos para o regresso como espaço cultural.

Pedro Borges lamentou que a Secretaria de Estado da Cultura (SEC) não tenha dado qualquer apoio ao projecto, "nem sequer com uma palavra de incentivo".

"Depois da divulgação, no ano passado, surgiram muitas pessoas a aplaudir este projecto e a dar apoios, nomeadamente da Câmara Municipal de Lisboa, mas da SEC nada".

"O secretário de Estado da Cultura [Jorge Barreto Xavier] é o principal responsável pela crise que o cinema português está a viver no país", acusou, precisando que, por exemplo, a tutela "retirou o que havia de bom na Lei do Cinema, e assinou um despacho hipócrita que anunciou o encerramento do cinema Londres".

Para o produtor, "indiferença" e "negligência" são as palavras de definem a actuação da tutela da cultura na área do cinema.

A Lusa tentou obter uma reacção da SEC sobre esta posição de Pedro Borges, mas até ao momento não obteve resposta.

O Cinema Ideal, localizado na Rua do Loreto, com uma capacidade de cerca de 200 lugares, uma cafetaria e uma livraria, vai estar aberto cerca de 14 horas por dia, e ao fim de semana terá sessões para famílias.

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