Artista urbano do Porto convidado a pintar em cinco cidades italianas

Frederico Draw, um artista urbano do Porto cujos murais se centram no rosto humano, e em especial no olhar, vai participar num projecto de sensibilzação para o tema da violência contra as mulheres.

Foto
O artista ao pé de um dos seus trabalhos

"Vai ser tudo em volta do rosto feminino, nomeadamente através do olhar, que é a peça fundamental do meu trabalho", disse à Lusa Frederico Draw, que estará em Itália até 28 de Novembro.

O programa é da responsabilidade da associação italiana Turismo Criativo, que promove o festival de arte de rua Memórias Urbanas, e será desenvolvido num conjunto de centros urbanos situados entre Roma e Nápoles: Caserta, Gaeta, Formia, Fondi, Terracina e Arce. A convite da ONU, esta associação iniciou em 2012 um projecto de sensibilização para a temática da violência contra as mulheres.

"Os cinco murais vão ser representados pela imagem de uma figura feminina”, disse Frederico Draw à Lusa. “Foi uma premissa que me pediram, embora eu também ache que faça sentido, dado o tema.” O curador do projecto, Davide Rossillo, sublinhou a “força realística e a expressividade dos olhares” pintados pelo artista português.

"Vou levar umas imagens daqui, fotografias que tenho no meu espólio, que vou tirando, mas também vou deixar uma parte do projecto para quando chegar lá", disse Draw, que se propõe realizar “uma reinterpretação de cinco olhares de rostos femininos, olhares que sejam fortes e que questionem o observador".

Além dos murais, o artista português criou também uma serigrafia, limitada e assinada, com a qual contribuirá para uma campanha de angariação de fundos para sustentar as despesas do projecto.

Para o portuense Frederico Draw, de 25 anos, este é o "primeiro grande projecto no estrangeiro". Em 2013 participou numa exposição colectiva em Dallas, no estado norte-americano do Texas, e este ano esteve em Vigo, Espanha, "que é quase Portugal".

Formado em Arquitectura, começou a pintar paredes em 2001, "num outro registo de graffiti". Dez anos depois, começou a "desenvolver o rosto humano", passando a centrar o seu trabalho na criação de "figuras humanas num registo mais esboçado".

Pinta essencialmente a preto e branco, com latas, mas também com tinta plástica, tudo em mão livre, ou seja, sem recurso a moldes.