A paixão de Cristo segundo Botero no Palácio da Ajuda

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<i>O Beijo de Judas</i>, de Botero, uma das obras em exposição na Ajuda
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O Beijo de Judas, de Botero, uma das obras em exposição na Ajuda DR

As obras a óleo e desenhos criados pelo artista colombiano Botero sobre a paixão de Cristo, a partir de quinta-feira em exposição na Galeria de Pintura D. Luís I do Palácio da Ajuda, em Lisboa, apresentam referências actuais que “remetem para a dor e violência contemporâneas”, segundo a directora do Museu de Antioquia, ao qual Botero doou as obras.

Ana Piedad Jaramillo, directora do museu colombiano, comentou aos jornalistas durante uma visita antes da inauguração da exposição Viacrucis - A Paixão de Cristo que em quase todas as telas, que descrevem os momentos da execução de Jesus Cristo, é possível encontrar elementos contemporâneos - roupas actuais, relógios de pulso ou até um polícia entre os soldados romanos. “Botero usa muito o humor nas suas telas, e através destes elementos ele está a chamar a atenção para a dor e a violência que existem nos dias de hoje”, explicou a directora do museu.

Com este conjunto de obras, o artista colombiano quis também prestar homenagem aos artistas do período do Renascimento, acrescentou. A exposição, que fica na Ajuda até 27 de Janeiro de 2013, está inserida no programa da visita de Estado a Portugal do Presidente da República da Colômbia, Juan Manuel Santos -  que irá estar presente na inauguração, assim como o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva e o artista colombiano, de 80 anos.

A exposição resulta de uma iniciativa que reúne o Governo português - através da Secretaria de Estado da Cultura, da Direção Geral do Património Cultural - do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, a Embaixada da Colômbia e o Museu de Antioquia.

A mostra reúne a última série de trabalhos do artista plástico, e é composta por 27 telas e 34 obras sobre papel dedicadas ao drama da paixão e morte de Jesus Cristo, sendo considerada uma mudança nas temáticas habituais do autor.

Nas telas a óleo, quase todas de grandes dimensões, é possível ver as figuras humanas em destaque tanto pelo tamanho, quase maiores do que as casas que aparecem em fundo, como pelas formas arredondadas características do estilo do artista. “Botero diz sempre que não pinta gordos, mas quer dar a conhecer os volumes” das figuras que coloca na tela, sublinhou a directora do Museu de Antioquia, uma zona de Medellin onde Botero nasceu.

A entidade possui cerca de 5000 obras de arte, desde arte nova a obras contemporâneas, e 200 peças criadas por Botero, sendo o museu que mais obras detém criadas por este artista. Botero, não sendo religioso, estudou em Itália e foi muito influenciado pelos renascentistas, muito focados nos temas religiosos.

Nascido na Colômbia em 1932, Fernando Botero é um dos mais destacados artistas contemporâneos a nível internacional e apresenta pela segunda vez em Lisboa uma grande exposição da sua obra. Esta iniciativa surge na sequência do convite feito a Portugal para país tema da próxima edição da Feira Internacional do Livro de Bogotá, capital da Colômbia. 

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