José Eduardo dos Santos visita o seu maior cliente

Presidente angolano vai estar esta semana na China.

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Última visita visita oficial à China foi em 2008 REUTERS/Siphiwe Sibeko

No ano passado, a China comprou cerca de metade do petróleo exportado por Angola, que, em troca, recebeu perto de 30.000 milhões de dólares (cerca de 26.600 milhões de euros), o que faz deste país asiático o seu maior cliente (a Índia surge num distante segundo lugar, com uma fatia de 13%).

E, numa altura em que Angola atravessa uma crise económica devido à queda do preço do petróleo, a deslocação a Pequim do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, é uma boa oportunidade para os dois países: Angola precisa de apoio financeiro, e a China pode reforçar as ligações com dos maiores produtores de petróleo, matéria-prima essencial para o seu desenvolvimento.

Ao todo, a deslocação de José Eduardo dos Santos durará seis dias, mas, embora tenha aterrado em Pequim esta segunda-feira, a agenda oficial só começa na terça, tendo como ponto alto um encontro com o seu homólogo chinês, Xi Jinping.

De acordo com a Angop, agência de informações angolana, haverá um encontro a sós entre os dois líderes, seguindo-se a assinatura de acordos. Em declarações à Angop, Georges Chikoti, ministro angolano das Relações Exteriores (um dos vários que acompanham Eduardo dos Santos) afirmou que os acordos vão servir para financiar “projectos importantes e prioritários para o crescimento económico do país”, ligados a sectores como a agricultura, energia e educação.

Georges Chikoti adiantou ainda que haverá um acordo de facilitação de vistos, que, diz a Angop, “vai facilitar a circulação de trabalhadores chineses que labutam em projectos específicos em Angola, bem como daqueles que têm interesses económicos no país”.  

Em Dezembro, o Banco de Desenvolvimento da China já tinha concedido uma linha de financiamento de dois mil milhões de dólares à Sonangol, a petrolífera estatal angolana.

Esta é a quarta visita oficial de José Eduardo dos Santos à China. A primeira, como recordou a Lusa, foi em 1988, cinco anos depois de os dois países terem estabelecido relações diplomáticas (regressou depois em 1998 e em 2008, ano dos Jogos Olímpicos). Desde essa data, as relações económicas entre os dois países têm vindo a crescer - fazendo um contraponto às relações com os países ocidentais - com a China a adiantar a Angola verbas avultadas em troca de acesso ao petróleo, ganhando, também, muitas das obras que este país tem implementado, como a construção de estradas e de edifícios.

Actualmente, o maior abastecedor de Angola ainda é Portugal, mas a China tem vindo a ganhar dimensão também como vendedor de bens. Em Abril, a Lusa noticiou que no último trimestre do ano passado os dois países estavam quase equiparados, com a compra de produtos portugueses a valer 1024 milhões de euros (16% da quota de mercado), contra os 1016 milhões da China (15,9%). Face a idêntico período de 2013, os exportadores chineses subiram 42,2% em valor, enquanto as empresas portuguesas desceram 8,3%. Há cinco anos, a quota de mercado de Portugal em Angola era de 20% e a da China 15%.

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