Um guia para uma edição diferente

No Ano Internacional da Luz e dos 100 anos da teoria da relatividade geral de Einstein, o PÚBLICO escolheu o Tempo como tema para celebrar os 25 anos do jornal e convidou o físico teórico João Magueijo para director por um dia desta edição especial.

A festa vai concentrar-se em quatro dias, de quinta (dia 5) a domingo (dia 8), mas vai prolongar-se até 2016.

Quando decidimos celebrar a ciência, área de saber à qual o PÚBLICO sempre deu enorme valor, percebemos que íamos mergulhar num processo de desmultiplicação. Mas não antecipámos que o tempo, tão abstracto e avassalador, nos levasse a caminhos tão radicais. Nem o grafismo resistiu.

Como se tivéssemos parado o tempo, esta edição é um caso único — e talvez uma antecipação do futuro. Prepare-se para a viagem. O bloco que hoje abre o site é diferente do habitual. Não tem uma hierarquia tão definida e os títulos só são visíveis quando passa o rato por cima da imagem. Para o ajudar a não se perder, temos um indíce no canto superior direito de cada texto deste especial, todo ele paginado de forma diferente. O mesmo acontece na edição impressa, onde não vai encontrar as secções tradicionais, mas sim três grandes blocos — tempo de tudo, tempo de agora e tempo das últimas 24 horas. As “notícias de ontem”, o breaking news, estão no fim.

Estamos a preparar esta especial online e uma edição de 112 páginas no papel desde o ano passado. Inclui textos e entrevistas dos convidados de João Magueijo, um generoso presente do arquitecto Álvaro Siza, História aos quadradinhos (ou rectangulozinhos) aberta à interpretação de quem os aprecie.

Há ainda uma infografia sobre o tempo do universo ou selecção de 25+1 momentos do último quarto de século. O “+1” refere-se ao ano em que o PÚBLICO fez jornais antes de sair para as bancas, fazendo números zero, como aquele que registou a queda do Muro de Berlim. Temos muito orgulho nesse “zero” que os leitores nunca viram. Ficou-nos atravessado. Estes 25+1 são momentos em que o tempo histórico acelerou ou regrediu. Ou simplesmente parou.

O jornalista e escritor Rui Cardoso Martins, que fez parte da equipa fundadora do jornal, escreve sobre a nossa história. A cosmóloga Marina Cortês conta como quase morreu a pensar em Einstein. O astrofísico Vítor Cardoso leva-nos num passeio sobre a nossa visão do Universo ao longo do último século. O físico Carlos Fiolhais faz luz sobre o grande legado de Einstein. Alexandre Melo junta ópera, futebol e folclore num momento só. Brasil, é claro. Como a velocidade de rotação da Terra está a abrandar, de vez em quando os relógios atómicos de todo o mundo precisam de ser atrasados um segundo — o que voltará a acontecer este ano. Explicamos como.

Hoje viver sem luz não é romântico. É uma realidade dura que alguns portugueses conhecem. Leia a reportagem. Olhámos também para o tempo do trabalho, os milissegundos que fazem perder ou ganhar na bolsa ou os recordes desportivos que parecem eternos. E falámos com portugueses que têm mais de 100 anos. Também fomos perceber as origens de algumas convenções do tempo. Sabe por que razão uma hora tem 60 minutos? 

Neste site do PÚBLICO, vamos também publicar durante o dia um vídeo chamado Um dia normal. Mas o vídeo é tudo menos normal. Nunca fizemos nada assim. O vídeo tem 1440 minutos, tantos quantos os que cabem em 24 horas. É um mosaico de Portugal em 2015. Há um minuto de uma cirurgia ao coração, um minuto de alguém que faz as malas antes de uma volta ao mundo, um minuto de Adriana Calcanhotto, directora da edição de aniversário do PÚBLICO de 2014, antes de entrar no palco na Gulbenkian, um minuto de um sem-abrigo a dormir na rua.

E a festa não acaba hoje. Amanhã, o Ípsilon publica um longo texto sobre The Clock, de Christian Marclay (hoje, publicamos uma entrevista ao artista); no sábado a Fugas dá uma volta ao mundo em 27 dias e mergulha no futuro. E no domingo a revista 2 entrevista 11 portugueses “fora do tempo”, escolhidos pelo físico Carlos Fiolhais, e antecipa, pela voz de 22 especialistas, Portugal em 2040. A propósito do futuro, vamos enterrar, em parceria com a EDP, uma cápsula do tempo para ser aberta no 50.º aniversário do jornal. Vhils começará a levantar a ponta do véu de um projecto que culminará no Verão com 25 desenhos que o artista fez a partir de 25 capas do PÚBLICO. Se tiver tempo.

Aqui pode ver o site especial completo

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