BCE carrega hoje no botão para comprar dívida pública

Banco central tem 60.000 milhões de euros para aplicar mensalmente.

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Mario Draghi, presidente do BCE REUTERS/Kai Pfaffenbach

A partir desta segunda-feira, o Banco Central Europeu (BCE) vai canalizar cerca de 60.000 milhões de euros por mês para comprar dívida dos países da moeda única.

Para já, espera-se que a operação se prolongue até Setembro de 2016, o que fará subir o montante global para 1,1 biliões de euros. No entanto, quando anunciou esta medida, em Janeiro, Mario Draghi não avançou com balizas temporais rígidas. Assim, a injecção de liquidez na zona euro (conhecida como Quantitive easing) poderá durar mais tempo, se não houver sinais de que a inflação se encaminha para perto dos 2%. Depois dos Estados Unidos e Reino Unido, e do Japão, é agora a vez de a Europa tentar estimular a economia por via do banco central.

Através da aquisição dos títulos de dívida pública detidos pelas instituições financeiras, o BCE espera que os bancos tenham mais espaço de manobra para transmitir liquidez à economia real, ou seja, às empresas e, também, aos particulares. Mais dinheiro equivalerá a mais gastos, logo, a uma subida dos preços (inflação).

Esta estratégia poderá ser atenuada pelo facto de, em países como Portugal, os títulos de dívida pública serem necessários aos bancos como colateral nos empréstimos que contraem junto do banco central. Por outro lado, se o financiamento é um problema, também existe a outra face da moeda, que passa por um arrefecimento da procura.

Para já, quem tem beneficiado com a decisão do BCE é o Estado português, com as taxas de juro no mercado secundário em níveis historicamente baixos a permitirem o financiamento a baixo custo.

A política de compras do BCE tem várias regras, e uma delas está ligada ao volume de dívida de cada país que poderá ser adquirido mercado. No caso português, conforme já noticiou o PÚBLICO, a instituição liderada por Mario Draghi pode comprar, a partir desta segunda-feira, mais cerca de 16 mil milhões de euros de dívida pública. Um valor abaixo do que seria destinado a Portugal, de acordo com a sua quota no BCE, mas que se explica por compras já feitas, no auge da crise do euro.

À medida que a dívida já detida pelo BCE for sendo amortizada pelo Estado português, pode haver compras adicionais por parte do banco central.

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