Europa discute quanto investimento será preciso para evitar recessão

Enquanto se espera por plano de 300 mil milhões prometido por Juncker, Socialistas europeus propõem pacote de 800 mil milhões que não seria registado no défice dos países.

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Jean-Claude Juncker deverá apresentar para a semana o seu plano de investimento

Com a economia europeia a dar sucessivos sinais de abrandamento no final deste ano, discute-se em Bruxelas de que forma e com que dinheiro é que se irá lançar um novo programa de investimento que estimule a actividade económica e salve a Europa de uma nova recessão.

Na próxima semana, Jean-Claude Juncker deverá apresentar os detalhes do programa de investimento público e privado no valor de 300 mil milhões de euros que prometeu durante o processo de candidatura à liderança da Comissão Europeia. Esta quinta-feira, foi a vez dos socialistas europeus apresentarem a sua proposta, num valor total de 800 mil milhões de euros, um dia depois de os Liberais terem avançado para um plano de 700 mil milhões de euros.

A diferença de valores entre as três propostas mostra que a dimensão do impulso de investimento que é preciso dar à economia é uma das questões fundamentais a dividir o Executivo Europeu e duas das mais importantes forças políticas do parlamento europeu. Com os 300 mil milhões de euros prometidos por Juncker, a economia da União Europeia ficaria anualmente, durante três anos, com uma injecção de capital equivalente a 0,7% do PIB. Socialistas e Liberais consideram que, perante os desafios que enfrenta a economia, é preciso bastante mais.

No entanto, não é por aqui que ficam as divergências. Tão ou mais importante é saber de onde é que virá o dinheiro que se planeia investir. Embora os detalhes do plano de Juncker ainda não sejam conhecidos, o presidente da Comissão Europeia já deixou claro que os 300 mil milhões de euros são o resultado de uma parte referente a investimento público que será depois capaz de convencer o investimento privado a apostar nos projectos escolhidos.

O dinheiro público será proveniente do orçamento europeu e do Banco Europeu de Investimento (BEI). Vários órgãos de comunicação social europeus noticiaram esta semana que poderá ser feito pelos Estados europeus um aumento de capital do BEI, que dessa forma poderá obter mais financiamento nos mercados, o que permitiria depois alavancar o investimento total através da participação de investidores privados.

Em 2012, quando a Europa lançou um plano semelhante, foi feito um aumento de capital de 10 mil milhões no BEI que se previa poder resultar num investimento público e privado de 120 mil milhões de euros. Na prática, a execução do plano ficou muito abaixo do esperado. Juncker não pede mais dinheiro aos Estados membros, uma vez que vários países, como a Alemanha, recusam colocar em causa os objectivos para o défice.

Os planos dos socialistas e dos liberais europeus exigem maiores contribuições dos cofres nacionais. No caso dos socialistas seriam mais 100 mil milhões de euros que serviriam para alvancar um investimento de 500 mil milhões de euros, mas que não seriam contabilizados no cálculo do défice e da dívida. Os restantes 300 mil milhões viriam do Mecanismo de Estabilidade Europeu e do BEI.

A urgência de um plano de investimento com apoio de fundos públicos tem vindo a aumentar à medida que a economia europeia dá sinais de fraqueza. Esta quinta-feira, os dados das encomendas revelados pelos inquéritos aos gestores europeus apontaram para a continuação do abrandamento da actividade nos últimos meses de 2014. Uma acção decidida é defendida principalmente pela Itália e a França, que também já mostraram as suas dúvidas em relação ao efeito prático da proposta da Comissão Europeia.

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