Fnac abre novas lojas em Oeiras, Faro e Setúbal à espera do franchising

Abertura das três novas unidades vai ser no último trimestre, para aproveitar a época do Natal. Unidades terão entre 900 e 1600 metros quadrados.

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A empresa não anunciou qualquer estratégia semelhantes para as restantes lojas Fnac na Europa Olivier Morin/AFP

A Fnac vai alargar sua presença no mercado nacional através da abertura de novas lojas em localidades onde ainda não está presente: Oeiras, Setúbal e Faro. A empresa retalhista de origem francesa aposta num formato intermédio entre as clássicas unidades de 2000 metros quadrados e a última loja que inaugurou, nas Amoreiras, em Lisboa, que tem apenas 450 metros quadrados.

As três novas lojas terão um espaço que se baliza entre os 900 e os 1600 metros quadrados. Ou seja, as unidades que a empresa pretende inaugurar até ao final do ano têm o dobro do tamanho da unidade das Amoreiras, aberta no início de Dezembro do ano passado, e que simbolizou uma mudança na estratégia da Fnac.

Após a abertura desta nova loja no centro da capital, a Fnac passou a apostar no regime de franchising para expandir a sua presença em Portugal. Para já, no entanto, o modelo de negócio ainda não mudou, uma vez que as três unidades são um investimento do próprio grupo. No entanto, não há um regresso ao passado, já que, segundo adiantou a empresa ao PÚBLICO, estas lojas podem vir a ser franchisadas.

Conforme escreveu o PÚBLICO no passado mês de Dezembro, o grupo quer crescer mais rápido e estar em locais onde não conseguia chegar até agora com as lojas de maior dimensão. "Para estarmos mais perto de um tipo de consumidores que hoje não alcançamos, precisávamos de nos libertar um pouco do formato standard" de 2000 metros quadrados, explicou, então, a directora-geral da Fnac para Portugal e Espanha, Cláudia Almeida e Silva.

Embora ainda não tivesse o plano de negócios fechado, a gestora adiantou na altura que o novo plano de expansão poderia passar por “uma dezena” de novas unidades. Neste momento, existem 19 lojas no mercado nacional, abertas no espaço de 15 anos. A última unidade com cerca de 2000 metros quadrados foi aberta em Leiria, em 2010.

Ao mesmo tempo que aposta em lojas de menor dimensão e tenta enveredar pelo franchising, a empresa tem reduzido os custos e desenvolvido uma forte aposta no online, e foi reconvertendo a tipologia de produtos vendidos nas lojas, de modo a compensar a quebra nos discos e filmes.

Em 2012, a Fnac Portugal facturou 320 milhões de euros (com IVA), menos nove milhões do que em 2008, ano em que Cláudia Almeida e Silva passou a liderar os destinos da empresa no mercado nacional. As contas de 2013 apresentadas pelo grupo francês, que dão conta de uma quebra de 4,2% para 654 milhões de euros de receitas face ao ano anterior na Península Ibérica, não separam Portugal de Espanha. Olhando para as contas do primeiro semestre deste ano, a Fnac mostra que, nos dois mercados, houve uma estabilização das vendas nos 286 milhões de euros, com uma “boa performance em Portugal” no período em análise, verificando-se “uma subida nas vendas”.

Liderada por Alexandre Bompard, a FNAC voltou à bolsa em 2013, ficando a Artemis (da família Pinault) com quase 40% do capital.

Disputa na rua
Os grandes operadores do comércio têm aberto o negócio aos pequenos empresários independentes para crescerem e se expandirem num mercado fustigado pela quebra de consumo e de grande concorrência, sobretudo, pelo preço. Os portugueses deixaram para trás os tempos das “compras do mês” e os carrinhos cheios nos hipermercados e preferem comprar menos, com mais frequência e, de preferência, perto de casa. Por isso, a disputa de mercado faz-se, hoje, na rua.

A Sonae, dona do Continente (e do PÚBLICO) anunciou na quarta-feira que vai apostar num sistema de franchising para espalhar pelo país as lojas Well’s, de parafarmácia e óptica, que irão expandir-se graças a este formato. A Sonae já gere directamente 150 unidades, mas quer abrir as portas a franchisados, a quem dará apoio nas obras ou recursos humanos. O grupo também mudou o nome da book.it para note! e vai abrir o negócio de livraria e papelaria ao franchising.

A estas marcas juntam-se os pequenos supermercados de bairro Meu Super. A previsão é ter 100 unidades no início de Setembro, o número de aberturas inicialmente previsto para 2014. A Sonae reviu em alta as novas inaugurações para este ano, adiantando que conta chegar a Dezembro com um total de 120 lojas, geridas por empresários independentes.

A Jerónimo Martins também apostou num modelo semelhante ao do franchising para entrar no negócio de proximidade. Fê-lo em 2011 através do Recheio Cash & Carry, criando as lojas Amanhecer. No final de 2013, a rede tinha um total de 53 lojas, mais 27 em comparação com o ano anterior, e para este ano a meta é chegar às 100 lojas.

Entregar a gestão de supermercados a terceiros também foi uma opção do grupo no caso do gigante Pingo Doce. Em 2013 abriram, pelo menos, duas lojas neste sistema (Miranda do Douro e São Pedro do Sul). Já este ano, Aveiro, Celorico de Basto e Mira passaram também a ter supermercados geridos por empresários independentes.

No relatório e contas do ano passado, o grupo escreve que as oportunidades de crescimento no sector da distribuição alimentar foram “impulsionadas pela expansão global, numa tentativa de compensar o crescimento lento ou a estagnação” dos mercados domésticos. Como alternativa ou complemento à expansão da sua própria rede de lojas, “os retalhistas optaram por estratégias diferenciadas de entrada no mercado, incluindo franchising, licenciamento ou joint-ventures”. Com Ana Rute Silva

Notícia corrigida: A Fnac Portugal facturou 320 milhões de euros com IVA em 2012

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