CIP acusa Governo de ter empurrado sindicados para a greve

Executivo está a “usar mal” a ferramenta da concertação social defende António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal.

Foto
Carlos Saraiva diz que é preciso redesenhar um novo acordo com todos os parceiros sociais, "sem excepção" Miguel Manso

O presidente da Confederação Empresarial Portuguesa (CIP), António Saraiva, afirmou nesta terça-feira que a falta de diálogo do Governo empurrou os sindicatos para a greve, acusando o executivo de “usar mal” a ferramenta da Concertação Social.

O dirigente empresarial considerou que “estas posições são fruto da conjuntura” que o país vive e do facto do Governo estar a usar mal “a ferramenta boa que é o diálogo social e a Concertação Social”, acabando por empurrar a UGT para posições mais extremadas.

“Como parceiro sindical, subscritor do acordo social, [a UGT] tem sido pouco escutada ultimamente, tal como têm sido pouco escutados os parceiros empresariais e as posições acabam por se extremar. Uns mantêm o apelo ao diálogo, outros são empurrados para posições um pouco mais extremistas”, sublinhou António Saraiva, à margem de uma conferência organizada pela Federação das Indústrias Portuguesas Agro-alimentares.

“Eu colocaria o acento tónico na falta de diálogo do Governo que, na minha visão, terá empurrado a UGT para o aperto em que se encontra e para esta greve anunciada para 27 de Junho”, acrescentou. António Saraiva afirmou, no entanto, que não está esgotado o diálogo.

“O diálogo não está esgotado e é aí que temos de encontrar as soluções para os problemas que são muitos. Há indignação dos problemas que é legítima, há maus sinais do Governo que são óbvios, temos de corrigir estas desigualdades que estão instaladas na sociedade portuguesa, mas não é extremando posições e crispando as partes que as resolveremos”, declarou o representante do patronato, apelando à procura de “soluções em conjunto” em sede de Concertação Social.

O presidente da CIP sublinhou que é necessário redesenhar um novo acordo com “todos os parceiros sociais, sem excepção”, assente nas matérias que faltam cumprir do anterior acordo, assinado em Janeiro de 2012 e “enriquecido com outras matérias que este ano e meio legitima, aconselha e exige”. Para António Saraiva, a greve é “o último recurso” e o importante não é apelar à queda do Governo, que serviria apenas para associar instabilidade social às dificuldades com os mercados, mas sim ter “uma voz firme” em Bruxelas.

“Temos de ter mais tempo para pagar a dívida e prazos mais dilatados porque este programa de ajustamento é demasiado doloroso pelo exíguo tempo de que dispomos. Há que renegociar amortização da dívida, mas isso não em Portugal, é em Bruxelas”, frisou.
Sobre o Orçamento Rectificativo, disse que o problema não é das previsões e sim do modelo que está a ser seguido, defendendo a redefinição de políticas e promoção do crescimento económico.

“Os rectificativos vêm corrigir previsões anteriores e teremos outros retificativos a corrigir este erros de previsão agora. Não são as previsões que estão erradas, é o modelo que esta errado”, sublinhou o líder da CIP.

Sugerir correcção
Comentar