Tchernobil: Ucrânia pede ajuda financeira à comunidade internacional

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Várias dezenas de ecologistas manifestaram-se hoje em Kiev Sergei Dolzhenko/EPA

O Presidente ucraniano, Viktor Iuchtchenko, pediu hoje aos países ricos ajuda financeira para a Ucrânia, a braços com as consequências da catástrofe de Tchernobil, no início das cerimónias, em Kiev, que marcam 20 anos após o pior acidente nuclear da História.

“Apelamos a todos os signatários do memorando de Otava para compensarem a Ucrânia dos custos com o encerramento da central de Tchernobil”, declarou Viktor Iuchtchenko, na abertura de uma conferência internacional sobre a tragédia de Tchernobil, que durará três dias.

O Presidente referia-se ao memorando sobre a catástrofe assinado em 1995 pela Ucrânia, União Europeia e pelos países do G7 (Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Canadá, Japão).

Segundo Iuchtchenko, as consequências de Tchernobil já custaram à Ucrânia 15 mil milhões de dólares (doze mil milhões de euros) em 20 anos e esta soma aumentará para 170 mil milhões de dólares (137 mil milhões de euros) até 2015.

A zona de exclusão, um raio de 30 quilómetros em redor da central – onde os níveis de radiação ultrapassam os níveis normais – deve ser recuperada, disse ainda o Presidente.

Várias dezenas de ecologistas manifestaram-se hoje em Kiev, onde se realiza a conferência. “Lembrem-se de Tchernobil: não a novos reactores”, “Um Tchernobil é suficiente”, proclamavam os cartazes.

A 26 de Abril de 1986, o reactor número 4 da central de Tchernobil, cem quilómetros a Norte de Kiev, explodiu, contaminando grande parte da Europa, com maior gravidade a Ucrânia, Bielorrússia e Rússia.

As autoridades soviéticas mantiveram-se em silêncio durante vários dias, antes de decidirem realojar 135 mil pessoas.

Cerca de 600 mil bombeiros, soldados e civis, foram enviados ao local para construir um “sarcófago” de betão em redor do reactor destruído.

Vinte anos depois do acidente, o número de mortos e afectados pela radiação ainda é contestado. Kiev fala num total de cinco milhões de pessoas afectadas pela catástrofe nuclear.

Um relatório da ONU divulgado em Setembro de 2005 referiu apenas quatro mil mortes por cancro na Ucrânia, Bielorrússia e Rússia, imputáveis à catástrofe.

A organização ecologista Greenpeace denunciou uma campanha de desinformação “insultuosa para as vítimas”, estimando em 93 mil o número de mortes potenciais devido a cancro.

Já um estudo científico britânico, publicado em Abril em Kiev, diz que o número de mortes relacionados com Tchernobil deverá oscilar entre os 30 mil e os 60 mil.

Até ao momento, a comunidade internacional conseguiu reunir mais de 720 milhões de euros para a construção de uma nova cobertura de aço para o “sarcófago”. As autoridades ucranianas esperam começar os trabalhos este Verão e terminá-los em 2010.

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